Por Victor Rezende, Valor — São Paulo
25/07/2023 16h37 Atualizado há 16 horas
Os números do IPCA-15 de julho sugerem um ambiente melhor para a expectativa de início do ciclo de flexibilização monetária pelo Banco Central em agosto. Assim, embora reconheça uma chance maior de corte de 0,5 ponto percentual na Selic na próxima semana, o economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, mantém a visão de que a melhora observada na inflação subjacente não deve ser suficiente para permitir movimentos mais ousados neste primeiro momento. Assim, o banco continua a projetar uma redução de 0,25 ponto na Selic, seguida de cortes de 0,5 ponto a partir de setembro.
“A escolha por um corte parcimonioso de 0,25 ponto nos juros seria, portanto, um compromisso entre um comitê dividido, onde alguns membros provavelmente ainda veem a evolução recente das expectativas de inflação no Focus como insuficiente para considerá-las ‘ancoradas’”, afirma Secemski.
Em nota enviada a clientes, ele argumenta que, embora a diferença entre uma redução de 0,25 ponto ou de 0,5 ponto não altere significativamente a trajetória da política monetária, a sinalização associada a um corte mais agressivo da Selic “pode ser contraproducente para promover uma ancoragem adicional das expectativas inflacionárias de longo prazo”. Secemski, inclusive, aponta que essa preocupação “foi expressa no parágrafo 18 da ata, já que a diretoria advertiu de forma unânime” que uma flexibilização prematura poderia levar a uma reaceleração do processo inflacionário.
O Barclays acredita que o grupo mais cauteloso dentro do Copom pode ter evoluído para a possibilidade de um corte de 0,25 ponto, diante da evolução das expectativas de inflação desde o Copom de agosto, “mas vemos as chances de um corte unânime de 0,5 ponto como relativamente baixas”. Para o economista, caso o Copom efetue uma redução de 0,5 ponto na próxima semana, provavelmente isso se daria na forma de uma divisão entre os diretores.
A projeção do Barclays para o IPCA deste ano caiu de 5,3% para 5,1%, enquanto a estimativa de inflação de 2024 foi mantida em 3,7%. Na avaliação de Secemski, ao observar os números do IPCA-15 de julho, algumas notícias positivas vieram da medida de núcleo EX-3, que reflete melhor a dinâmica inflacionária relacionada aos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade, e que desacelerou de 0,47% em junho para 0,15% agora. O economista, porém, alerta que a melhora do núcleo EX-3 ficou atrás das outras quatro medidas de núcleo, “reforçando questões sobre o estado geral do hiato do produto e do mercado de trabalho e, consequentemente, o espaço para flexibilização monetária”.
Fonte: Valor Econômico
