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O Investimento Direto no País (IDP) superou as expectativas e registrou ingresso líquido de US$ 10,9 bilhões no Brasil em outubro, segundo o Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (25). Foi o segundo mês consecutivo que o ingresso de investimentos mais duradouros no país superou a marca dos US$ 10 bilhões. Os números divulgados também marcaram a primeira vez em oito anos que os investimentos desse tipo superaram os US$ 80 bilhões.
O IDP é formado por três itens: participação no capital, operações intercompanhia e empréstimos. O principal fator para o crescimento em outubro foi a participação em capital, que são os novos investimentos. O número foi de US$ 6,6 bilhões no último mês, ante US$ 3 bilhões em outubro de 2024.
Em entrevista coletiva para detalhar os números, o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, destacou que houve aceleração no ingressos de investimento em setembro e outubro. Rocha explicou que, no mês passado, houve também crescimento das operações acima de US$ 1 bilhão. Segundo os dados do BC, US$ 3,2 bilhões, sempre em termos líquidos, entraram no país apenas em transações acima desse valor. Em outubro de 2024, nenhuma operação nesse patamar foi registrada.
“A gente pode dizer que parte considerável desse aumento do Investimento Direto no País na comparação de outubro de 2024 com outubro 2025 foi devida a operações de maior valor”, disse o chefe do departamento.
Deterioração do balanço de pagamentos ainda inspira atenção”
O resultado considerado “significativo” por Rocha, do BC, no mês passado contribuiu para que o IDP acumulado em 12 meses chegasse a US$ 80,1 bilhões. Foi a primeira vez que o ingresso superou US$ 80 bilhões desde outubro de 2017.
No resultado mensal de outubro, o IDP superou a expectativa de US$ 6,7 bilhões da XP Investimentos, que revisou a projeção para o resultado de 2025 de US$ 75,6 bilhões para US$ 79,6 bilhões. A economista da XP Luiza Pinese destaca em nota que esses recursos “seguem apresentando forte desempenho neste ano, sustentado principalmente pelos ingressos em participação no capital”.
Para Ricardo Trevisan, CEO da Gravus Capital, o resultado mostra que, mesmo com juros mais altos no exterior e uma “seletividade” do mercado em relação aos países emergentes, o Brasil consegue atrair capital. “Isso acontece principalmente por reinvestimento de lucros de multinacionais já instaladas aqui e por projetos em setores como energia, agronegócio e infraestrutura, além do câmbio mais depreciado, que barateia os ativos em dólar”, destacou.
Por outro lado, o déficit em transações correntes continua em níveis altos no acumulado em 12 meses. Rocha destacou que o número vem variando entre US$ 75 bilhões e US$ 79 bilhões desde fevereiro deste ano. Em outubro, o déficit foi de US$ 76,7 bilhões.
As transações em conta corrente medem a diferença entre o que o país gasta e recebe nas transações internacionais relativas a comércio, rendas e transferências unilaterais. No entanto, um déficit maior nessas transações não é necessariamente uma notícia ruim, já que pode estar ligados a um desempenho mais forte da economia, por exemplo.
Segundo análise de Pinese, da XP, o desempenho mais forte das exportações no segundo semestre trouxe “algum alívio” ao déficit. A projeção é de US$ 73,1 bilhões em 2025 e US$ 67,5 bilhões em 2026. “[Mas] a deterioração do balanço de pagamentos ainda inspira atenção. A esperada recuperação da demanda interna no próximo ano tende a exercer pressão adicional sobre importações, remessas de lucros e outras saídas de renda, podendo ampliar o desequilíbrio externo”, disse.
Com os resultados de outubro, o déficit e o IDP acumulados em 12 meses continuam “macroeconomicamente” em valores semelhantes, ressaltou Rocha, do BC. Enquanto o primeiro chegou a 3,48% do Produto Interno Bruto (PIB), o IDP registrou 3,63% do PIB. Segundo Rocha, o resultado mostrou que o IDP continua sendo a fonte principal de financiamento do déficit.
Fonte: Estadão

