A atividade de venture capital nas indústrias biofarmacêutica e de ciências da vida caiu significativamente em relação ao ritmo quase recorde do ano passado. Isso é especialmente evidente entre as gestoras de hedge funds com fundos dedicados a VC ou que tradicionalmente alocam uma fatia considerável de seu capital em investimentos privados.
Na primeira metade de 2024, a atividade dos hedge funds havia disparado para novos patamares, com a esperança de que o mercado de venture capital estivesse se recuperando. Mas o ritmo de novos acordos caiu visivelmente desde então — e continuou a recuar na primeira metade de 2025.
É verdade que a atividade de VC no setor de ciências da vida ainda supera de longe o número de acordos nos setores de tecnologia e software, pelo menos entre empresas conhecidas por atrair investidores hedge. Ainda assim, os investidores em ciências da vida estão, sem dúvida, preocupados com o fato de que o mercado de ofertas públicas iniciais (IPO) continua morno e de que muitas carteiras de valores mobiliários públicos dos hedge funds no setor estão com forte desvalorização neste ano.
Os investidores também temem que a administração Trump seja relutante em aprovar novas vacinas e que o ritmo de aprovação de novos medicamentos seja lento. E, claro, permanece o fato de que, historicamente, a maioria dos medicamentos em testes clínicos falha antes mesmo de chegar perto de solicitar a aprovação regulatória.
A RA Capital Management é a evidência mais clara de que o mercado de VC desacelerou. A especialista em biofarmacêuticas já foi a investidora mais ativa nesse setor. Mas, neste ano, sua atividade caiu significativamente.
A empresa anunciou apenas 17 acordos nos dois primeiros trimestres, em comparação com 77 em todo o ano de 2024, segundo dados do Crunchbase. E um grande número de seus investimentos foi direcionado a private investments in public equity (PIPEs) — ou seja, investimentos privados em empresas já listadas — em vez de aportes em empresas privadas em estágio inicial, de acordo com análise do banco de dados Crunchbase.
Por exemplo, quando a Jade Biosciences concluiu sua fusão com a Aerovate Therapeutics em abril, a RA Capital foi uma das diversas firmas de investimento — incluindo vários hedge funds — que participaram de um investimento privado de US$ 300 milhões. Outros hedge funds participantes incluíram Deep Track Capital, Soleus Capital e Deerfield Management.
Mais recentemente, a RA Capital participou de uma colocação privada de US$ 175 milhões para investir na SAB BIO, uma biofarmacêutica de capital aberto em estágio clínico. Outros investidores hedge incluíram a Woodline Partners.
A RA Capital não é a única gestora de hedge fund em biofarma cuja atividade de venture capital desacelerou visivelmente neste ano.
A Perceptive Advisors concluiu apenas nove acordos em 2025, comparados aos 45 realizados em 2024. A RTW Investments fechou 11 acordos — dez deles na primeira metade do ano — frente a 26 no ano passado. E a Cormorant Capital concluiu 11 investimentos, ante 27 em 2024.
Fonte: Institutional Investor

