O Banco Central (BC) destacou, no Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira, que a inflação voltou a subir, mesmo já estando em patamar elevado. Além disso, o documento apontou que a desancoragem das expectativas de inflação também aumentou.
“A inflação, que já estava em patamar elevado, voltou a subir e a desancoragem das expectativas de inflação aumentou. A inflação acumulada em doze meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aumentou de 4,87% em novembro para 5,06% em fevereiro, com surpresa de +0,33 ponto percentual em relação ao cenário de referência apresentado no Relatório anterior”, destacou o relatório.
Ainda de acordo com o documento, movimento semelhante foi registrado nas medidas de inflação subjacente no acumulado em doze meses e na média trimestral.
“Variações elevadas são observadas em alimentação, bens industriais e serviços. Tal comportamento ocorre em meio a cenário que continua caracterizado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho e hiato do produto positivo. Além disso, a recente apreciação do real reverte apenas parcialmente o expressivo aumento da taxa de câmbio ao longo do último ano”, diz.
O BC também destacou, no documento, que os preços ao produtor tiveram desaceleração entre o trimestre encerrado em novembro e o encerrado em fevereiro, mencionando moderação dos preços de produtos agropecuários e de alimentos industrializados.
“A moderação nos preços agropecuários e em alimentos industrializados está associada, em grande medida, à dinâmica do mercado de bovinos. Após as fortes elevações observadas entre setembro e novembro, os preços do boi gordo apresentaram recuo em dezembro e relativa estabilidade no início de 2025, embora ainda continuem em patamar alto.”
No entanto, o relatório pontuou que preços tiveram alta intensa na indústria de transformação e essas elevações devem refletir o repasse da depreciação cambial. “Na mesma direção, os preços de bens de consumo excluindo alimentos e combustíveis apresentaram variações mais elevadas, tanto no trimestre quanto no acumulado em doze meses.”
Expectativas de inflação
O Relatório de Política Monetária (RPM) destacou que as expectativas de inflação continuam desancoradas para os próximos anos e “voltaram a apresentar elevação”.
O RPM destaca que houve elevação nas expectativas coletadas no relatório Focus para os anos de 2026, 2027, 2028 e 2029. A avaliação considerou a mediana de expectativas coletadas no início de dezembro e as publicadas no último dia 14 de março.
Para 2026, a mediana passou de 4% para 4,48%. Para 2027, de 3,58% para 4% e para 2028 de 3,5% para 3,78%. Já as expectativas de 2029, que começaram a ser coletadas neste ano “também mostram desancoragem em relação à meta de 3%.
No caso das expectativas para 2025, o relatório destacou uma “alta relevante” que mantém a mediana cima do intervalo de tolerância para a meta de inflação. “A elevação das expectativas foi disseminada entre os segmentos, mas foi mais intensa em serviços.
A alta generalizada sugere a importância de fatores macroeconômicos como determinantes, particularmente a persistência do câmbio em patamar mais depreciado, a inflação corrente com medidas subjacentes mais pressionadas e o hiato do produto positivo”, diz o relatório.
A meta de inflação é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Fonte: Valor Econômico

