Por Eduardo Magossi, Valor — São Paulo
19/10/2022 10h29 Atualizado há um dia
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) deve elevar a taxa de juro básica em 1 ponto percentual na reunião de seu comitê de política monetária em 3 de novembro depois da inflação de setembro mostrar que ainda existem persistentes pressões subjacentes nos preços, de acordo com o economista-chefe do Reino Unido da Capital Economics, Paul Dales.
O índice de preços ao consumidor (CPI) de setembro bateu 10,1% em setembro na base anual, acelerando em relação aos 9,9% de agosto, mostrando que a pressão inflacionária está indo além dos preços de alimentação e energia. Atualmente, a taxa de juros do Reino Unido está em 2,25%
Segundo ele, os dados revelam que o núcleo da inflação também acelerou a alta para 6,5% (de 6,3% em agosto), com a pressão ficando mais espalhada em vários setores. “Alguns indicadores sugerem que a inflação global por bens vai esfriar logo mas parece que a inflação de serviços – que está vinculada a um mercado de trabalho aquecido e aumento salariais elevados – continua crescendo apesar do enfraquecimento do cenário econômico”, disse Dales, em nota.
A expectativa do mercado é de que a inflação do Reino Unido irá aumentar ainda mais em outubro, para quase 11% em função do aumento programado nos preços de energia, informou a Pantheon Macroeconomics, que projeta que o dado de outubro será o pico e que a inflação voltará a cair para um patamar de 9% no primeiro trimestre de 2023.
“Porém, para além do primeiro trimestre, o cenário para o CPI é incerto agora que o novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, afirmou que irá retirar o subsídio dos preços de energia para as empresas, mantendo-o apenas para as famílias”, diz a Pantheon.
Para o analista Francesco Pesole, do banco suíço ING, a reversão do programa de subsídios de energia do Reino Unido pode aumentar o tamanho e extensão da recessão e pode levar o Banco da Inglaterra a elevar os juros em apenas 0,75 ponto em novembro e não os 1 ponto percentual que o mercado aguarda.
“Instabilidade política, riscos de recessão profunda e aumentos menores de juros pelo BoE podem mais que anular os benefícios das preocupações ligadas à dívida”, disse ele, que não descarta um retorno da libra para um nível abaixo de US$ 1,10.
“A precificação de alta de 1 ponto percentual na reunião do BoE de novembro é infeliz para o comitê de política monetária que preferiria elevar os juros em 0,75 ponto, considerando seu viés mais dovish em relação a seus pares globais durante o último ano”, escreveu Jamie Niven, gestor sênior da administradora de fundos Candriam. Segundo ele, contudo, o BoE não pode se arriscar a prejudicar os mercados novamente com uma entrega abaixo do esperado.
Segundo a empresa de dados Refinivit, 56% do mercado aposta hoje em uma alta de 1 ponto percentual em novembro enquanto menos de 44% acreditam que a alta será de 0,75 ponto percentual.
Fonte: Valor Econômico

