O resultado da inflação americana em janeiro mostrou uma alta persistente nos preços que pode frustrar os planos de Donald Trump e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de reduzir as taxas de juros no país nos próximos meses.
A inflação americana de janeiro veio um pouco acima do previsto, com uma alta nos últimos 12 meses de 3%, enquanto os economistas consultados pelo “Wall Street Journal” esperavam que mantivesse o ritmo de 2,9% de dezembro. O núcleo da inflação ficou em 3,3%, acima dos 3,2% de dezembro e da expectativa consensual de 3,1%.
“O progresso desinflacionário claramente estagnou nos últimos meses, e os dados de hoje apontam na direção errada”, escreve Eric Winograd, da AllianceBernstein. “Nenhuma das taxas de inflação de 3, 6 ou 12 meses está se movendo em direção à meta.”
O cenário de inflação persistente se soma à política de “choque e pavor” adotada pelo presidente Donald Trump no primeiro mês de governo, aumentando as incertezas para o curto prazo, segundo Skyler Weinand, da Regan Capital.
“Tarifas, déficits fiscais e políticas incertas de impostos e gastos em 2025 estão tornando mais difícil para o Fed cortar as taxas [de juros]”, afirma Weinand.
Chris Zaccarelli, da Northlight Asset Management, ressaltou a dificuldade em reduzir a inflação como fator que pode afetar o mercado americano não só para 2025, mas também para o próximo ano.
“Não apenas todos os indicadores subiram, mas estamos firmemente na faixa de 3% [de inflação] na comparação anual”, disse Zaccarelli. “Embora ainda seja cedo para prever que eles começarão a aumentar os juros em breve, o mercado começará a considerar seriamente que o próximo movimento do Fed será uma alta, e não um corte, seja no final de 2025 ou início de 2026.”
Fonte: Valor Econômico

