“No acumulado em 12 meses, é a primeira vez que o indicador atinge dois dígitos de variação negativa”, destacou Felipe Câmara, analista do IPP e pesquisador do instituto, sobre o resultado de junho
Por Alessandra Saraiva, Valor — Rio
27/07/2023 09h44 Atualizado há 4 horas
A queda de 2,72% no Índice de Preços ao Produtor (IPP) em junho, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (27), levou o indicador pela primeira vez a um recuo de dois dígitos na taxa em 12 meses, -12,37%, a mais forte desde o início da série histórica iniciada em janeiro de 2014.
“A indústria brasileira convive com quase um ano de deflação na porta da fábrica”, disse Felipe Câmara, analista do IPP e pesquisador do IBGE, em comunicado sobre o indicador. “No acumulado em 12 meses, é a primeira vez que o indicador atinge dois dígitos de variação negativa”, repetiu.
De acordo com o especialista, o comportamento das commodities, no mercado internacional, foi fundamental para o resultado do indicador.
“É importante ter em vista o efeito da queda continuada dos preços de commodities chave, que tem barateado os custos de produção ao longo das cadeias produtivas nacionais, tornado produtos importados básicos mais competitivos e reduzido a receita unitária de venda do exportador brasileiro” disse.
“Todo esse efeito é maximizado pela apreciação cambial dos últimos meses”, completou, no comunicado.
Outro aspecto que também deve ser levado em conta como fator de influência no IPP de junho foi impacto da indústria de alimentos, no desempenho do indicador. Em junho, os preços dos alimentos caíram 3,35%, segunda variação negativa consecutiva e quarta no ano, exercendo o maior impacto no IPP.
Essa variação foi próxima à taxa negativa mais intensa da série para essa indústria, observada em agosto de 2022, -3,50%.
“A conjuntura também tem o reforço da oferta abundante de matéria-prima para a fabricação de alimentos, o que em junho foi determinante para que essa atividade fosse a principal responsável pelo recuo do IPP em relação a maio”, disse o analista.
Ainda segundo ele, as indústrias extrativas, o refino e a química, também foram destaques em termos de influência. Juntas essas quatro atividades representam quase 50% no cálculo do IPP, lembrou o analista da pesquisa.
Fonte: Valor Econômico