11 Apr 2023
A China declarou ontem que completou com sucesso os três dias de manobras militares ao redor de Taiwan, uma operação que simulou ataques e um cerco aéreo da ilha. Ao final, Pequim alertou que a independência taiwanesa seria incompatível com a paz.
O alerta da China é uma resposta ao encontro da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, com o líder da Câmara dos Deputados dos EUA, Kevin McCarthy. Durante os três dias de exercício, Pequim enviou caças, navios de guerra e um porta-aviões para demonstrar seu poder de cercar Taiwan – a estratégia militar considerada mais provável caso a China decida intervir –, além de desafiar a capacidade americana de proteger a ilha.
AMEAÇAS. Após anunciar o fim das manobras, o porta-voz da chancelaria da China, Wang Wenbin, advertiu que “a independência de Taiwan e a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são coisas mutuamente excludentes”.
Wenbin também culpou o governo taiwanês e o que chamou de forças estrangeiras pelas tensões na região. “Se queremos proteger a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, devemos nos opor de modo veemente a qualquer forma de separatismo taiwanês”, afirmou o porta-voz.
As ações chinesas ocorrem após a delicada missão de Ingwen de fortalecer as alianças diplomáticas cada vez menores de Taiwan na América Central e de tentar aumentar o apoio dos EUA, uma viagem que rendeu a fatídica reunião com McCarthy. Uma delegação do Congresso dos EUA também se encontrou com ela no fim de semana em Taiwan, depois que ela voltou.
Pequim diz que o contato entre autoridades estrangeiras e o governo da ilha encoraja os taiwaneses que desejam a independência formal, uma medida que o Partido Comunista, que governa a China, afirma que levaria à guerra. Os dois lados se dividiram em 1949 após a Revolução Chinesa, e o Partido Comunista diz que a ilha é obrigada a se juntar ao continente à força, se necessário.
O comando militar chinês afirmou, em comunicado, que as manobras “testaram por completo a capacidade de combate conjunta integrada de vários setores do Exército em condições de combate”.
Em resposta, o governo dos EUA, que pediu sinais de moderação à China, enviou o destróier com lança-mísseis USS Milius para uma área em disputa no Mar do Sul da China. “Esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, as liberdades e o uso legítimo do mar”, afirmou a Marinha americana, em comunicado.
O destróier americano navegou perto das Ilhas Spratly, um arquipélago situado a 1.300 quilômetros de Taiwan, reivindicado por China, Taiwan, Filipinas, Vietnã, Malásia e Brunei. Pequim criticou o que chamou de invasão ilegal do USS Milius a suas águas territoriais.
OBJETIVOS. Especialistas militares dizem que os exercícios da China servem como intimidação e são uma oportunidade para as tropas chinesas praticarem o isolamento de Taiwan, bloqueando o tráfego marítimo e aéreo, uma importante opção estratégica que o Exército chinês pode adotar caso precise usar a força militar para tomar Taiwan.
“O que é preocupante é que, devido ao aumento das forças navais e aéreas de ambos os lados, os riscos de acidentes que levam a uma troca de tiros aumentaram”, disse Chieh Chung, professor de estudos estratégicos na Tamkang University, em Taiwan. •
NYT,AP e AFP
Fonte: O Estado de S. Paulo

