A incerteza da economia brasileira segue em processo de queda iniciado no fim do ano. Em março, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) voltou a cair, para 103,8 pontos, menor patamar desde julho, quando atingiu 103,5 pontos.
Economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Anna Carolina Gouveia, responsável pelo índice, ressaltou que o indicador é volátil, sujeito a ruídos e apontou que, atualmente, a possibilidade é de que eventuais sobressaltos venham do front externo.
“Temos certa resiliência na economia, o mercado de trabalho está positivo, assim como o comércio e os serviços. A indústria voltou a melhorar, mesmo ainda aquém do passado, e a inflação segue baixa. No âmbito geral, o cenário tem sido positivo, inclusive no PIB”, diz.
No resultado de março do IIE-Br, o componente de Mídia recuou 0,2 ponto, para 105,6 pontos, menor nível desde julho do ano passado (101,9 pontos), contribuindo negativamente com 0,2 ponto para a evolução do índice agregado. O componente de Expectativas, que mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, recuou 2,4 pontos, para 95,1 pontos, menor nível desde janeiro desse ano (93 pontos), contribuindo de forma negativa com 0,5 ponto para o IIE-Br.
Nesse sentido, afirma, maiores preocupações parecem, no atual panorama, centradas em possíveis mudanças no front externo. “O panorama interno parece menos volátil. As incertezas fiscais e políticas estão abaixo dos 110 pontos. O cenário macroeconômico e político interno estão mais satisfatórios”, diz.
Ela frisa, inclusive, que desde junho do ano passado, o IIE-Br só esteve por dois meses — outubro e novembro — acima dos 110 pontos, nível que é considerado “confortável” para a incerteza. E, mesmo assim, o indicador ficou pouco acima desse patamar, com 110,9 pontos e 110,4 pontos, respectivamente.
“Parece que há estabilidade dentro de um nível mais confortável e, tirando ruídos de um mês para outro, não parece que tem motivo muito forte para a incerteza voltar a subir”, afirma Gouveia.
Sobre possíveis solavancos no front externo, Gouveia lembra das eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro deste ano, mas pondera que o pleito ainda está muito distante para causar efeito de curto prazo na incerteza no Brasil.
“Eleições tendem a provocar ruído no indicador, principalmente quando estão acirradas. Como os Estados Unidos são um país influente, todos estarão de olho no que acontece”, diz a especialista do FGV Ibre.
Fonte: Valor Econômico

