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Os consumidores dos Estados Unidos estão reduzindo seus gastos e a confiança está em queda, com as tarifas do presidente Donald Trump e a volatilidade do mercado ameaçando enfraquecer um dos principais motores da maior economia do mundo.
Muitos varejistas relataram vendas sólidas no fim do ano passado, mas alertaram para um crescimento menor em 2025, e dados do setor mostram que suas previsões já estão se confirmando.
O fluxo de clientes nas lojas americanas caiu 4,3% em relação ao ano passado em março, segundo a consultoria RetailNext, prolongando a tendência de queda iniciada no começo do ano. A Placer.ai, que reúne dados de localização de dispositivos móveis de consumidores, registrou menos visitas a varejistas como Walmart, Target e Best Buy nas últimas semanas.
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Na sexta-feira (14), o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan registrou a terceira queda mensal consecutiva e a menor leitura desde novembro de 2022. A pesquisa também mostrou que a expectativa com a inflação está subindo.
Trump não descartou a possibilidade de uma recessão, enquanto a recente queda do mercado de ações afetou as carteiras de investimentos dos americanos mais ricos, que impulsionam o consumo nos EUA.
“O consumidor está sendo bombardeado com muitos elementos diferentes”, diz Marshal Cohen, analista-chefe de varejo da Circana, que compila dados de compras no varejo. “É mais fácil para o consumidor dizer: ‘Vou esperar para ver o que acontece’.”
O Federal Reserve (Fed) deverá manter as taxas de juros inalteradas na reunião desta semana e seu presidente, Jerome Powell, recentemente amenizou as preocupações com o crescimento, dizendo que o BC americano “não precisa correr” para cortar os juros.
Mas os investidores temem cada vez mais que as políticas erráticas de Trump, marcadas por uma série de reviravoltas súbitas, estejam perturbando os negócios e desacelerando o crescimento.
Os gastos do consumidor foram um fator importante na recuperação dos EUA da pandemia de covid-19, ultrapassando a Europa e outras grandes economias.
Mas os orçamentos das famílias ficaram mais apertados no período de inflação alta que se seguiu. Em resposta, elas reduziram os gastos, afetando os volumes de vendas de bens de consumo embalados. Os consumidores de baixa renda foram os mais afetados.
As vendas de produtos não essenciais caíram 3% na semana encerrada em 8 de março, comparado ao mesmo período do ano passado, mantendo a sequência de quedas anuais observada em fevereiro, segundo dados da Circana.
A frequência nas redes de fast food americanas caiu 2,8% em fevereiro, segundo a Revenue Management Solutions, com as visitas no café da manhã recuando dois dígitos. “É a refeição mais fácil de fazer em casa ou pular completamente”, diz a consultoria.
É mais fácil para o consumidor dizer: ‘Vou esperar para ver o que acontece’”
Quatro grandes companhias aéreas dos EUA alertaram para uma desaceleração na demanda, em parte devido à redução de gastos das pessoas que viagem a lazer.
Este mês, a Target anunciou uma queda nas vendas em fevereiro e alertou para pressões sobre os lucros no trimestre, em parte devido às “incertezas com as tarifas”.
Alguns consumidores também estão boicotando a varejista sediada em Minneapolis, depois que ela recuou em seus compromissos com a diversidade corporativa. Analistas disseram que a ansiedade econômica está tendo um impacto maior do que os boicotes sobre as vendas no varejo, sobre as quais dados oficiais do governo devem ser anunciados hoje.
Lauren Hobart, executiva-chefe da Dick’s Sporting Goods, disse a analistas que “definitivamente não é o caso” de os consumidores estarem mais desanimados. No entanto, sua rede prevê que as vendas em lojas comparáveis crescerão entre 1% e 3% este ano, menos que o número registrado em 2024, de 5,2%.
“Nossa orientação reflete apenas o fato de que há muita incerteza no mundo hoje no cenário geopolítico, no ambiente macroeconômico. Estamos apenas sendo cautelosos”, afirma Hobart.
Embora a inflação venha pressionando os consumidores há meses, a preocupação deles nem sempre se traduziu em redução de gastos. As vendas de quase US$ 1 trilhão na temporada de festas de fim de ano superaram as expectativas.
“Os consumidores estão dizendo que pretendem recuar”, disse Tom Kilroy, sócio-sênior da McKinsey. “Mas o que vimos também é que nem sempre eles seguiram essa intenção com ações.”
Fonte: Valor Econômico
