O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) do país deve continuar operando, nos próximos meses, acima dos 100 pontos, próximo dos 110, em um patamar considerado de incerteza moderada. A afirmação é de Anna Carolina Gouveia, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo índice. Em setembro, o IIE-Br se manteve estável, com os mesmos 107,8 pontos que os registrados em agosto.
Gouveia ressaltou que, até meados de setembro, o IIE-Br operava em queda — o FGV Ibre monitora diariamente o índice —, impulsionado pelos bons resultados da economia. A partir da segunda quinzena de setembro, no entanto, aumentaram os ruídos sobre o futuro dos juros e da inflação, principalmente sobre a magnitude de possíveis altas da taxa básica de juros.
A economista lembrou que a inflação se aproximou do limite máximo da banda de variação — o centro da meta para este ano é de 3%, com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo —, o que causou um “alvoroço” sobre a necessidade de o Banco Central atuar rapidamente para que o IPCA não saísse da meta.
Além disso, ressaltou Gouveia, há demanda e mercado de trabalho fortes, além de choques como a pressão sobre os preços da energia. “Todo esse ruído justifica a alta da incerteza na segunda metade do mês”, disse a economista.
Ela acrescentou que, no front externo, o agravamento das tensões no Oriente Médio, com ataques israelenses ao território libanês, foi mais um fator de pressão sobre a incerteza no fim do mês de setembro. “Pode acabar agravando a percepção com relação à segurança global”, pontou a economista.
O resultado do indicador em setembro mostrou que o componente de Mídia do IIE-Br recuou 0,1 ponto, para 106,0 pontos, o menor nível desde março deste ano, quando o indicador atingiu 105,6 pontos. Esse componente contribuiu negativamente com 0,1 ponto para a queda do índice agregado.
O componente de Expectativas, por sua vez, que mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, subiu pela quinta vez seguida, agora em menor ritmo, em 0,1 ponto. O indicador registra, em setembro, 111,5 pontos, maior nível desde junho do ano passado, quando estava em 116,8 pontos. A alta contribui positivamente com 0,1 ponto para o resultado do IIE-Br no mês.
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Fonte: Valor Econômico

