Por Victor Rezende, Valor — São Paulo
02/12/2022 12h45 Atualizado há 2 dias
Embora os prêmios de risco dos ativos brasileiros estejam em níveis elevados, o ambiente atual justifica uma postura mais cautelosa com os mercados locais, apontam os gestores da Ibiuna Investimentos.
“Preferimos aguardar definições antes de tomar posições mais relevantes no país”, dizem os profissionais em carta referente a novembro, em que revelam que a gestora tem pequenas posições táticas aplicadas (que apostam na queda das taxas) na curva de juros nominais e na de juros reais, além de “trades” de valor relativo na curva de juro real e de inflação implícita. A Ibiuna detém, ainda, posição tática comprada em real e mantém exposição a ações brasileiras ao mirar a captura de alfa via posições long-short.
“O período pós-eleitoral foi marcado por forte volatilidade a partir da frustração da expectativa de que o presidente eleito resolveria rapidamente a principal dúvida associada aos ativos brasileiros neste momento: que regime fiscal terá o país a partir de 2023”, apontam os gestores da Ibiuna.
Para eles, houve um grande aumento de incertezas desde que a PEC da transição foi encaminhada, “com gastos adicionais relevantes por quatro anos, sem previsão de fontes de financiamento ou definição do novo arcabouço fiscal, assim como com o contraste entre a indefinição da equipe ministerial e o desconforto dos investidores com o histórico dos principais nomes integrantes da equipe econômica da transição”.
Na avaliação da Ibiuna, uma parte relevante do mercado havia dado o benefício da dúvida de que o programa do governo eleito seria mais próximo ao executado entre 2003 e 2010. “Tudo o que foi mostrado até agora indica que esse benefício da dúvida foi precipitado e o que vemos se parece mais com o desastroso programa implementado pelo PT no período 2011-2015”, avaliam os gestores.
“O resultado natural foi uma forte elevação de prêmios de risco e um aperto adicional relevante de condições financeiras que, se mantidos nos níveis atuais, no melhor dos casos acentuará a tendência de esfriamento da economia brasileira em 2023”.
Assim, embora vejam prêmios elevados nos ativos brasileiros, os profissionais da Ibiuna preferem aguardar as definições sobre a política fiscal. “No lado positivo, o país é credor em moeda forte em um momento de crescente escassez de dólar, e o Banco Central é, agora, independente e está mais avançado no ciclo de aperto monetário e controle da inflação. Por outro lado, nossos fundamentos fiscais são frágeis, unindo endividamento elevado, baixo crescimento potencial e altos juros reais”, apontam os gestores.
Para eles, a postura mais prudente é a de “ver para crer”, em particular diante de um ambiente internacional mais sensível a sinalizações sobre os fundamentos fiscais.
Fonte: Valor Econômico
