13 Dec 2022 ADRIANA FERNANDES
O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer usar a sua gestão das finanças em São Paulo como modelo de controle de gastos e fala ainda em “DNA libanês”.
Prefeito de São Paulo de 2013 a 2016, Haddad tem reforçado a interlocutores que sua gestão no comando da capital (que tem um dos maiores orçamentos do País) foi marcada não só pela concessão do grau de investimento pela agência de classificação de risco Fitch, mas também pela redução da dívida, com caixa para investimentos, atuação do lado receitas, despesas e reestruturação das carreiras.
Em uma dessas conversas em Brasília, Haddad foi questionado se ele era “fiscalista” ou “desenvolvimentista”. A resposta foi rápida: “Sou libanês”. Seu pai, Khalil Haddad, emigrou aos 24 anos do Líbano para o Brasil, onde se estabeleceu como comerciante.
A fala foi interpretada como um contraponto às críticas de que ele seria um ministro da Fazenda gastador – uma das preocupações de economistas do mercado financeiro em razão do aumento de gastos já contratado com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, em tramitação no Congresso, cujo impacto pode ser de R$ 168 bilhões em 2023.
Depois da confirmação do seu nome para o cargo, Haddad foi cobrado a participar da negociação na Câmara para reduzir esse impacto da PEC, incluindo a flexibilização para gastar R$ 23 bilhões em investimentos fora do teto de gastos e as novas exceções incluídas no texto aprovado pelo Senado. Haddad foi poupado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva das negociações da PEC.
Em contraponto à desconfiança com a sua condução da política econômica, o futuro ministro, segundo relatos obtidos pelo Estadão, apontou que na Prefeitura não tomou medidas populistas, mas fez ações necessárias para tornar o município com capacidade de investimento. O resultado, tem repetido ele nas conversas, foi que a administração municipal passou a ser um credor líquido. Ou seja, com caixa maior do que todos os seus compromissos de curto, médio e longo prazos.
Haddad conseguiu reduzir, em 2014, a dívida da cidade de São Paulo ao renegociá-la com o governo federal. O débito passou de R$ 64,8 bilhões naquele ano para R$ 28 bilhões em agosto do ano seguinte. Para isso, ele conseguiu trocar o indexador do saldo de IGP-DI, que acrescia juros de 6% a 9% ao ano, pelo IPCA, cuja taxa era de 4%.
Cobrança Petista é pressionado a montar quadro técnico comprometido com a sustentabilidade fiscal
EQUIPE. Na fase de formação da sua equipe, Haddad vem sendo cobrado a apresentar um quadro técnico que mostre o compromisso com a sustentabilidade das contas públicas. A equipe ainda não está formada, mas ele indicou que pode fazer hoje os primeiros anúncios (leia mais ao lado).
Segundo apurou o Estadão, o economista Gabriel Galípolo, EX-CEO do Banco Fator, foi convidado para ser o secretário executivo da Fazenda – o número 2 da equipe econômica. A expectativa é de que Galípolo, antes cotado para o BNDES, aceite o convite. Os economistas Bernard Appy e Guilherme Mello também estão cotados para o time. •
Fonte: O Estado de S. Paulo

