O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira (11) que o Brasil fará um combate rápido e efetivo à inflação, que teve em março a maior variação para o mês em 28 anos. Em 12 meses, o índice acumula uma alta de 11,30%.
Em evento de comemoração dos 69 anos da Acim (Associação Comercial e Empresarial de Maringá), o ministro também lançou promessas do que seriam medidas em um eventual segundo mandato de Jair Bolsonaro (PL).
Guedes citou a redução de tributos para empresas e o lançamento da Carteira Verde e Amarela, proposta que integrou o programa de governo em 2018, mas nunca saiu do papel por resistências políticas. A modalidade permitiria contratar trabalhadores pagando menos encargos.
Antes de anunciar possíveis pilares da campanha, Guedes demonstrou confiança no trabalho do BC para combater a inflação, apesar de constantes revisões de projeções por analistas do mercado, cada vez mais pessimistas com o ritmo de alta de preços.
A inflação tem sido vista pela ala política do governo como um fator negativo para a campanha do presidente à reeleição neste ano.
Segundo o ministro, a autoridade monetária ?já colocou o juro no lugar?, e a taxa básica está até ?relativamente elevada? em termos reais. ?O Brasil fará um dos combates mais efetivos e mais rápidos [à inflação]. Nós confiamos nisso?, disse.
Com a escalada da inflação, a Selic saiu do piso histórico de 2% ao ano e hoje está em 11,75%, mas o mercado já vê a taxa próxima dos 14%, embora o patamar não seja consenso.
A percepção de um aperto mais drástico cresceu após o presidente do BC, Roberto Campos Neto, dizer, também nesta segunda, que a inflação no Brasil está ?muito alta? e que o IPCA do mês passado foi uma ?surpresa?.
Guedes disse que, enquanto outros bancos centrais ?dormiram ao volante? e demoraram a elevar juros, o BC brasileiro ?se moveu antes e já colocou o juro no lugar?. ?Mas a inflação mundial está aí e nós vamos combatê-la, vamos vencê-la também?, afirmou.
Nos bastidores do governo, a atitude do BC já foi criticada. Enquanto o governo é alvo constante de alertas da autoridade monetária pelos riscos do lado fiscal, um integrante da equipe econômica ressaltou que o BC passou boa parte de 2021 com juros reais negativos, o que acabou estimulando o aquecimento da economia e abre caminho para aceleração dos preços.
Guedes, por sua vez, disse que a inflação é um desafio mundial e que o BC comandado por Campos Neto tem sido efetivo. ?No Brasil, pelo menos, estou convencido de que vamos derrubá-la antes até do que várias nações avançadas?, afirmou.
A empresários que acompanharam o evento o ministro da Economia também deu sinalizações do que espera fazer em um eventual segundo mandato de Bolsonaro. Nesta segunda, o presidente afirmou que Guedes, ?a princípio, continua? em sua equipe, caso vença as eleições.
Nesse cenário, o ministro indicou que pretende, ?no primeiro mês do novo governo?, buscar novamente a aprovação da reforma do Imposto de Renda, que teve o aval da Câmara, mas travou no Senado
Ele destacou que, com a proposta, haveria uma redução da carga tributária das empresas, além da retomada da taxação de lucros e dividendos distribuídos em 15%.
?Resistir a isso é uma insensatez. Como você vai explicar para um funcionário que paga 27,5% de IR que você, que é o dono da empresa, é rico, leva o dinheiro para casa e paga muito menos do que ele??
Guedes também acenou com a retomada da proposta da Carteira Verde e Amarela, que já integrava o programa de governo em 2018, mas nunca saiu do papel devido a resistências políticas.
O modelo pretendido permite a contratação de formalizados sem necessidade de recolher os encargos trabalhistas.
O empregado admitido por meio desse contrato teria sua aposentadoria vinculada a um regime de capitalização, por meio do qual o trabalhador contribui para uma conta individual, que no futuro arcará com seu benefício. Essa proposta também acabou sendo rejeitada na época da reforma da Previdência.
Fonte: Folha de S.Paulo
