Pela segunda vez em menos de um mês, os economistas do Goldman Sachs alteraram suas premissas em relação à política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e passaram a identificar um maior risco de recessão à frente, além de projetarem uma redução mais célere das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
De acordo com os cálculos dos economistas Ronnie Walker, Alec Phillips e David Mericle, a tarifa média dos EUA deve aumentar em 15 pontos percentuais neste ano, o que representa uma alta de 5 pontos em relação ao cenário anterior do banco. “Quase toda a revisão reflete a premissa mais agressiva para as tarifas ‘recíprocas’. Esperamos que o presidente Trump anuncie as tarifas recíprocas com uma média de 15% sobre todos os parceiros comerciais dos EUA”, dizem os profissionais em nota enviada a clientes.
É nesse sentido que o Goldman Sachs passou a ver uma probabilidade de recessão nos EUA nos próximos 12 meses de 35%. Antes, a estimativa estava em 20%. A maior chance de uma contração na economia americana vem de uma deterioração recente na confiança das famílias e das empresas, além de declarações de funcionários da Casa Branca que apontam para uma maior disposição em tolerar uma fraqueza da economia no curto prazo. O Goldman projeta um crescimento de apenas 0,2% no primeiro trimestre nos EUA, em base anualizada, e, no acumulado do ano, vê uma expansão de 1% na comparação entre os últimos trimestres do ano.
Por outro lado, o núcleo do deflator de gastos com consumo (PCE), principal medida de inflação observada pelo Fed, deve encerrar 2025 em 3,5%, nos cálculos do Goldman Sachs. Isso, porém, não deve impedir o banco central americano de flexibilizar a política monetária, na avaliação dos economistas, que passaram a projetar três reduções consecutivas de 0,25 ponto percentual nos juros americanos: em julho, em setembro e em novembro, o que levaria a taxa dos Fed funds para o intervalo de 3,5% a 3,75% no fim deste ano.
“Os riscos de baixa para a economia devido às tarifas aumentaram a probabilidade de um pacote mais ‘seguro’ de cortes nos juros, no estilo de 2019, que agora vemos como o resultado em nossas projeções revisadas. Embora a liderança do Fed tenha minimizado o aumento das expectativas de inflação até agora, achamos que isso eleva o sarrafo para reduções adicionais nos juros e, em particular, coloca maior ênfase em um aumento potencial da taxa de desemprego como justificativa para cortes”, dizem os profissionais do Goldman Sachs.
Fonte: Valor Econômico