Depois de um longo período em que o movimento dos juros globais ditava quase sozinho o desempenho dos ativos, a renda fixa internacional entra em uma fase mais exigente para o investidor.
A conclusão é da Pesquisa de Renda Fixa Global XP, que reuniu a visão de grandes gestoras internacionais, como JP Morgan Asset Management, Oaktree, Morgan Stanley Investment Management, Nordea, Wellington, Western Asset e WHG, sobre os principais vetores que hoje influenciam os mercados de juros e crédito.
De acordo com o levantamento, o cenário segue oferecendo oportunidades, mas elas estão cada vez mais condicionadas à gestão ativa, à escolha cuidadosa de emissores e ao controle de riscos, especialmente nos contratos de juros de prazos mais longos.
No sistema bancário americano, a leitura predominante entre as gestoras é de que os episódios recentes de estresse foram casos isolados, ligados a problemas específicos de gestão e balanço, e não a um risco sistêmico.
Isso não significa, porém, um ambiente tranquilo. Em um contexto de juros ainda elevados, choques localizados de liquidez continuam capazes de provocar ajustres rápidos de ativos, mantendo a volatilidade em níveis altos. Para uma parcela menor dos gestores, há ainda o receio de que parte dos riscos associados ao custo de financiamento não esteja totalmente refletida nos preços atuais.
Cenário macro
No campo macroeconômico, a pesquisa revela uma divisão relevante de expectativas. Parte das gestoras projeta crescimento global moderado, próximo ao consenso, enquanto outra parte aposta em uma surpresa positiva na atividade, nos próximos trimestres. A visão de crescimento fraco, mas sem recessão, aparece como minoritária.
Em relação à inflação, o consenso é mais claro: os índices devem seguir moderados, porém acima das metas dos bancos centrais, pressionados por fatores estruturais e pelo aumento das tensões comerciais globais.
Esse pano de fundo ajuda a explicar por que a política monetária deve seguir marcada por divergência entre regiões. Enquanto os Estados Unidos avançam em cortes de juros, ainda que de forma cautelosa, Europa e Ásia tendem a responder de maneira distinta, de acordo com suas realidades econômicas.
Para o investidor, essa fragmentação reduz a previsibilidade e aumenta a volatilidade, tornando a diversificação entre mercados de juros uma ferramenta cada vez mais relevante.
Quase metade das gestoras espera um aumento gradual das diferenças de taxas (spread) ao longo dos próximos meses, refletindo desaceleração econômica e condições financeiras mais restritivas. Ainda assim, há espaço para oportunidades pontuais, especialmente em emissores de maior qualidade, onde os retornos seguem acima das médias históricas.
Na prática, isso tem se traduzido em ajustes de portfólio: redução nos prazos escolhidos e maior foco em liquidez aparecem com frequência nas estratégias. Ao mesmo tempo, parte das casas relata aumento seletivo de risco em ativos com taxas mais atrativas.
O principal risco no curto prazo, segundo a pesquisa, continua sendo os vencimentos longos, especialmente diante da volatilidade dos títulos americanos e das incertezas fiscais nos Estados Unidos.
Onde estão as oportunidades
Quando o assunto são oportunidades de alocação, os Estados Unidos aparecem como o principal destino em renda fixa global. O mercado americano reúne juros atrativos, grande liquidez e oportunidades pontuais ao longo dos diferentes prazos. Já os mercados emergentes continuam no radar de forma mais cautelosa, com foco em países economicamente mais sólidos, bancos centrais mais avançados no ciclo de juros e retornos ainda acima da média histórica.
Para um novo ciclo global de maior apetite a risco, os gestores apontam como principal gatilho uma queda consistente da inflação americana, capaz de reduzir a incerteza sobre a trajetória dos juros e aliviar a pressão sobre os títulos de longo prazo.
Para o investidor no Brasil, a pesquisa reforça três mensagens centrais:
- Diversificação internacional importa: concentrar a carteira apenas em ativos locais significa abrir mão de oportunidades em mercados maiores, mais líquidos e com diferentes ciclos econômicos e monetários;
- Renda fixa global não é “sem risco”: mesmo com juros elevados, há volatilidade relevante, especialmente em títulos de prazo mais longo. Cautela com vencimentos e liquidez faz diferença no resultado final;
- Seletividade é a palavra-chave: o momento favorece emissores de maior qualidade e estratégias que combinem retorno atrativo com controle de risco, em vez de apostas amplas em menos juros.
No campo macroeconômico, a pesquisa revela uma divisão relevante de expectativas
Depois de um longo período em que o movimento dos juros globais ditava quase sozinho o desempenho dos ativos, a renda fixa internacional entra em uma fase mais exigente para o investidor.
A conclusão é da Pesquisa de Renda Fixa Global XP, que reuniu a visão de grandes gestoras internacionais, como JP Morgan Asset Management, Oaktree, Morgan Stanley Investment Management, Nordea, Wellington, Western Asset e WHG, sobre os principais vetores que hoje influenciam os mercados de juros e crédito.
De acordo com o levantamento, o cenário segue oferecendo oportunidades, mas elas estão cada vez mais condicionadas à gestão ativa, à escolha cuidadosa de emissores e ao controle de riscos, especialmente nos contratos de juros de prazos mais longos.
No sistema bancário americano, a leitura predominante entre as gestoras é de que os episódios recentes de estresse foram casos isolados, ligados a problemas específicos de gestão e balanço, e não a um risco sistêmico.
Isso não significa, porém, um ambiente tranquilo. Em um contexto de juros ainda elevados, choques localizados de liquidez continuam capazes de provocar ajustres rápidos de ativos, mantendo a volatilidade em níveis altos. Para uma parcela menor dos gestores, há ainda o receio de que parte dos riscos associados ao custo de financiamento não esteja totalmente refletida nos preços atuais.
Cenário macro
No campo macroeconômico, a pesquisa revela uma divisão relevante de expectativas. Parte das gestoras projeta crescimento global moderado, próximo ao consenso, enquanto outra parte aposta em uma surpresa positiva na atividade, nos próximos trimestres. A visão de crescimento fraco, mas sem recessão, aparece como minoritária.
Em relação à inflação, o consenso é mais claro: os índices devem seguir moderados, porém acima das metas dos bancos centrais, pressionados por fatores estruturais e pelo aumento das tensões comerciais globais.
Esse pano de fundo ajuda a explicar por que a política monetária deve seguir marcada por divergência entre regiões. Enquanto os Estados Unidos avançam em cortes de juros, ainda que de forma cautelosa, Europa e Ásia tendem a responder de maneira distinta, de acordo com suas realidades econômicas.
Para o investidor, essa fragmentação reduz a previsibilidade e aumenta a volatilidade, tornando a diversificação entre mercados de juros uma ferramenta cada vez mais relevante.
Quase metade das gestoras espera um aumento gradual das diferenças de taxas (spread) ao longo dos próximos meses, refletindo desaceleração econômica e condições financeiras mais restritivas. Ainda assim, há espaço para oportunidades pontuais, especialmente em emissores de maior qualidade, onde os retornos seguem acima das médias históricas.
Na prática, isso tem se traduzido em ajustes de portfólio: redução nos prazos escolhidos e maior foco em liquidez aparecem com frequência nas estratégias. Ao mesmo tempo, parte das casas relata aumento seletivo de risco em ativos com taxas mais atrativas.
O principal risco no curto prazo, segundo a pesquisa, continua sendo os vencimentos longos, especialmente diante da volatilidade dos títulos americanos e das incertezas fiscais nos Estados Unidos.
Onde estão as oportunidades
Quando o assunto são oportunidades de alocação, os Estados Unidos aparecem como o principal destino em renda fixa global. O mercado americano reúne juros atrativos, grande liquidez e oportunidades pontuais ao longo dos diferentes prazos. Já os mercados emergentes continuam no radar de forma mais cautelosa, com foco em países economicamente mais sólidos, bancos centrais mais avançados no ciclo de juros e retornos ainda acima da média histórica.
Para um novo ciclo global de maior apetite a risco, os gestores apontam como principal gatilho uma queda consistente da inflação americana, capaz de reduzir a incerteza sobre a trajetória dos juros e aliviar a pressão sobre os títulos de longo prazo.
Para o investidor no Brasil, a pesquisa reforça três mensagens centrais:
- Diversificação internacional importa: concentrar a carteira apenas em ativos locais significa abrir mão de oportunidades em mercados maiores, mais líquidos e com diferentes ciclos econômicos e monetários;
- Renda fixa global não é “sem risco”: mesmo com juros elevados, há volatilidade relevante, especialmente em títulos de prazo mais longo. Cautela com vencimentos e liquidez faz diferença no resultado final;
- Seletividade é a palavra-chave: o momento favorece emissores de maior qualidade e estratégias que combinem retorno atrativo com controle de risco, em vez de apostas amplas em menos juros.
Fonte: Valor Investe


