A Root Capital, gestora sediada no Rio de Janeiro especializada em crédito, está lançando um fundo para comprar dívidas inadimplentes em meio a um recorde no número de pedidos de recuperação judicial (RJ) no Brasil.
“A gente continua a ter estresse no mercado de crédito no Brasil, as empresas continuam a quebrar, o setor do agronegócio está horroroso, e as taxas de juros que as pessoas pensavam que iriam começar a cair agora estão subindo novamente”, disse Rafael Fritsch, sócio da Root Capital. “Isso coloca mais pressão sobre as empresas, gerando necessidade de liquidez imediata.”
O plano é levantar cerca de R$ 500 milhões de investidores locais brasileiros este ano e lançar o fundo no próximo ano para investidores estrangeiros, com os quais a meta é conseguir pelo menos US$ 100 milhões a mais, disse ele.
O fundo, Situações Especiais IV, investirá em dívidas corporativas inadimplentes e em ações judiciais de empresas e contra governos no Brasil, inclusive de Estados e cidades. O fundo pretende comprar ativos em um período de dois anos e terá um prazo médio de retorno de recursos ao investidor de cerca de quatro anos, disse Fritsch.
Dos EUA à Europa e à Austrália, as taxas de juros começam a cair, enquanto no Brasil um novo ciclo de aperto monetário começou há um mês com taxas que já eram elevadas. As empresas brasileiras estão enfrentando dificuldades e os pedidos de recuperação judicial estão em níveis recordes, de acordo com o provedor de dados de crédito Serasa Experian. O número de pedidos de RJ até agosto chegou a 1.480, ou 72% a mais que no mesmo período do ano passado.
“Este é um dos melhores momentos para comprar dívida problemática no Brasil”, disse Fritsch. Os fundos de crédito privado que levantaram recursos este ano são, na sua maioria, de curto prazo, devolvendo o dinheiro aos investidores no mesmo dia após o pedido de resgate ou no máximo dez dias depois. Esses fundos compram principalmente dívida de empresas de baixo risco que pagam prêmios de crédito reduzidos.
“Esses fundos de elevada liquidez não podem comprar ativos ilíquidos, então há pouco capital disponível para um número crescente de ativos estressados”, disse ele.
O objetivo é gerar rentabilidade de 12% a 15% mais a taxa de juros interbancária DI, disse Fritsch. O DI atual está em torno de 11%. O fundo será vendido para investidores institucionais e de varejo, e o investimento mínimo é de R$ 25 mil.
A Root Capital teve captação líquida de cerca de R$ 1,32 bilhão este ano e tem cerca de R$ 4 bilhões em ativos sob gestão em todos os tipos de fundos de crédito privado, incluindo alguns que investem em debêntures de infraestrutura, títulos de baixo risco, de alto rendimento e dívida inadimplente.
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Rafael Fritsch, sócio e diretor de investimentos (CIO) da Root Capital — Foto: Reprodução/LinkedIn
Fonte: Valor Econômico

