Por Beth Koike — De São Paulo
12/04/2024 05h02 Atualizado há 5 horas
A gestora de investimentos HSI, que tem sob gestão ativos de R$ 13 bilhões, está entrando no setor de saúde. A meta é alocar ao menos R$ 1 bilhão em diferentes frentes, desde aquisição de imóveis e construção sob demanda até oferta de serviços financeiros, como antecipação de recebíveis e crédito para expansão de empresas médicas.
“A área da saúde é um tipo de setor que gostamos porque tem resiliência, tem demanda garantida devido ao envelhecimento da população. Inicialmente, vamos usar recursos próprios. Nossa intenção, mais para frente, é levantar um fundo específico”, disse Maximo Lima, CEO da HSI.
Nesse novo negócio, a empresa de Max Lima fez uma joint venture com Enrico De Vettori, ex- UnitedHealth (UHG) / Amil, Deloitte e Hospital Santa Joana (PE) – ambos se conheceram há alguns anos na UHG para formatação de um fundo imobiliário, cujo projeto, na época, acabou não saindo do papel.
A equipe da HSI já fez prospecção de 50 a 60 ativos no país e há várias conversas em andamento com empresas do setor tanto para transações puramente imobiliárias quanto oferta de crédito para hospitais, laboratórios, clínicas médicas e operadoras de planos de saúde.
“Com a venda do imóvel do hospital há uma injeção de caixa e a empresa se recupera mais rapidamente. Mas também pode ser linha de crédito para expansão de uma ala do hospital, compra de equipamentos, construção do zero. Vamos modelando conforme a demanda. Somos uma gestora de investimentos alternativos”, explicou o CEO da HSI. Lima acredita que 50% dos negócios de saúde devem envolver operações imobiliárias e a outra parcela será proveniente de concessão de crédito. Na gestora, os negócios de imóveis representam dois terços.
A inciativa acontece num momento em que o setor de saúde enfrenta uma crise, com muitas empresas endividadas e sem recursos para crescer. Levantamento da Anahp, entidade que reúne os principais hospitais do país com 66 associados, mostra que 72,5% não conseguiram executar a expansão e 63% estavam sem capital suficiente para renovar o parque tecnológico, em 2023. As operadoras de planos de saúde (que são a fonte de financiamento do setor), por sua vez, amargaram prejuízo operacional de R$ 6 bilhões, nos nove primeiros meses de 2023.
“Não estamos investindo no setor de saúde para sermos pequenos” — Max Lima
“Nossa estratégia e diferencial é a oferta de serviços customizados para o setor que está passando por um momento difícil. Os prazos de pagamento aos hospitais chegam a ser de cinco meses de faturamento, podemos fazer essa antecipação. E, também podemos alongar para as operadoras, fornecedores. Nos contratos de ‘sales leaseback’ [contrato casado de venda e aluguel], será possível incluir uma cláusula de recompra do imóvel, caso o proprietário queira”, disse De Vettori que, no último ano, esteve fora do país cumprindo um acordo de ‘non compete.’
De Vettori lembrou que, muitos grupos de saúde promoveram grandes aquisições em 2020, época em que a taxa de juros estava na casa dos 3,5%, mas ficaram alavancadas com a guinada dos custos financeiros e hoje se encontram alavancadas com dificuldades para captar financiamentos em boas condições. A HSI pretende ocupar esse espaço.
Questionado se diante de empresas tão endividadas, não há receio de calotes em fundos imobiliários ou nos aluguéis das transações de ‘sales leaseback’, Lima disse que está acostumado a ambientes estressados. “No auge da covid, os shopping e hotéis ficaram vazios”, disse. “Sabemos precificar e ver a qualidade dos ativos. Não estamos entrando na área da saúde para sermos pequeno”, complementou.
A gestora de investimentos alternativos HSI administra uma carteira com 17 hotéis – sendo que a aquisição mais recente foi do Hotel Hilton, no Rio de Janeiro, por R$ 550 milhões – e 11 shopping centers no país. Há ainda 1,2 milhão de m2 em galpões e cinco empreendimentos comerciais. No braço financeiro, a HSI trabalha com fundos imobiliários e de private equity e concessão de crédito.
Fonte: Valor Econômico

