Por Adriana Cotias — De São Paulo
15/06/2023 05h02 Atualizado há 4 horas
A gestora de patrimônio da Azimut no Brasil e a assessoria de investimentos WFlow criaram uma empresa para atuar na atividade de consultoria de valores mobiliários. Batizada de AZ Flow, a joint-venture nasce com participações iguais dos sócios e um potencial de alcançar R$ 10 bilhões sob aconselhamento em três anos, segundo os executivos das companhias.
O desenho foi pensado para atender critérios societários e legais e, ao mesmo tempo, preservar a “alma” das partes separadas, segundo Wilson Barcellos, CEO da Azimut Brasil Wealth Management, que tem cerca de R$ 11 bilhões sob o seu guarda-chuva. “A Azimut Wealth continua como gestora de patrimônio e a WFlow segue como assessoria de investimentos, e as duas juntas criam uma consultoria para clientes que trabalham no atual formato de distribuição do escritório. E essa consultoria vai ser dada pela Azimut”, resume Barcellos.
Expertise da Azimut pode trazer para cliente final visão mais neutra para a alocação” Paulo Saad
Na gestão de riqueza, a Azimut atende famílias com pelo menos R$ 5 milhões. Na AZ Flow, o objetivo é, com tecnologia, dar acesso a bolsos menores.
Para a WFlow, que tem cerca de R$ 4,3 bilhões e faz parte da rede de escritórios independentes da XP, o negócio adiciona uma linha de receitas sob o modelo de comissionamento fixo, com a possibilidade de conquistar uma fatia maior do bolso do cliente, sem ter que montar uma estrutura própria de gestão. “A gente casa com alguém que já está pronto, não precisa fazer do zero”, diz Ricardo Czapski, um dos sócios-fundadores da WFlow. “Como assessoria vinculada à XP, hoje a WFlow só pode prestar serviços para o dinheiro do cliente que está na plataforma. Ele pode ter R$ 2 milhões lá, mas outros R$ 2 milhões no Safra, R$ 1 milhão no Itaú e R$ 1 milhão no BTG. Dentro do conceito de consultoria, a gente pode ampliar os serviços que presta para ajudá-lo como um todo.”
O executivo calcula que o investidor tenha metade dos recursos de que dispõe com a plataforma. Se houver demanda para além do serviço prestado na consultoria, em carteiras administradas ou fundos exclusivos, os clientes podem ser encaminhados para a Azimut.
Com o acordo, no braço de consultoria o grupo pode acessar um perfil que não tinha conforto para atender, acrescenta Paulo Saad, outro sócio-fundador da WFlow, escritório criado em 2012. “O que a expertise da Azimut pode trazer para o cliente final é uma visão mais neutra para a alocação. A consultoria traz a possibilidade de ser uma empresa cada vez mais imparcial.” São seis mil clientes na base atual, como potenciais para contratar o serviço.
A revisão das regras que disciplinam a atividade de assessoria de investimentos (os antigos agentes autônomos), que passaram a valer no início do mês, casada com a exigência de maior transparência na remuneração da cadeia de distribuição – contidas nas instruções 178 e 179 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) -, entra como pano de fundo desse arranjo.
A regulação passou a permitir sócios capitalistas e estratégicos nos escritórios, enquanto a abertura de custos para o investidor, a partir de janeiro, vai trazer clareza de quanto ele paga pelos produtos que escolhe. Há quem espere com isso um empurrão para o modelo fiduciário, em que o cliente remunera o serviço por meio de uma taxa fixa em relação ao patrimônio administrado, o chamado “fee based”.
O regulador manteve o entendimento de que as atividades da consultoria, que só aconselha e não executa nada, e a de assessor, que recebe pelos produtos que distribui, não podem estar sob a mesma estrutura.
A WFlow tem contrato de exclusividade com a XP no negócio de assessoria de investimentos, e pode, eventualmente, atrair outro sócio estratégico, desde que primeiro ofereça tal possibilidade à plataforma, diz Czapski.
O grupo italiano Azimut no Brasil, por sua vez, tem um vínculo indireto com a XP, que é sócia minoritária da gestora AZ Quest. Barcellos diz que, embora não faça parte da nova empresa, a XP participou das conversas e aconselhou o melhor formato para a organização da AZ Flow.
Lá fora, a Azimut reunia, ao fim de abril € 82,7 bilhões em ativos sob gestão, com presença em 18 países. No consolidado de Brasil, tem cerca de R$ 30 bilhões.
Fonte: Valor Econômico
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