A GEF Capital e a Vinci Compass estão relançando a marca AGV como operadora logística, após a compra das operações de Brasil e Colômbia das mãos da Solistica. Empresa da Femsa, a Solistica havia comprado a AGV dos fundadores e da própria GEF em 2020, e incorporou a operação.
Agora, a Femsa decidiu se desfazer do negócio, vendeu os dois mercados aos fundos e o restante à mexicana Traxión. GEF e Vinci terão controle conjunto da nova AGV, em uma transação estimada em R$ 700 milhões.
Os fundos estão trazendo de volta Mauricio Motta para ser CEO da companhia. O executivo trabalhou por mais de 20 anos na AGV e mais três na Solistica. Em janeiro de 2023, saiu para fundar a Logvett, focada em logística para a saúde animal, que teve a venda acertada para GEF e Vinci no ano passado, mas formalizada agora com sua incorporação à AGV, que resultará numa participação minoritária de Motta na nova empresa.
Nascida oficialmente como Armazéns Gerais de Vinhedo em 1998, a AGV soma hoje cerca de 500 mil m² de área de armazenagem e 680 clientes entre os dois países, com faturamento anual de R$ 1,6 bilhão e foco na cadeia de suprimentos para os setores de saúde animal e humana, e bens de consumo.
O modelo de negócio da AGV é asset light, para dar flexibilidade à operação. “Hoje, o real estate é dominado por grandes players. A gente aluga, mas investe naquele armazém, ou faz built-to-suit. Mas os pallets, climatização, processo de armazenagem, radiofrequência, tecnologia, é tudo nosso do lado de dentro”, diz Motta.
A companhia quer aplicar inteligência artificial para otimizar a malha de transporte e controlar o estoque dos clientes, reduzindo o custo logístico, diz Anibal Wadih, sócio da GEF. O investimento faz parte da estratégia do fundo Latam Climate Solutions III da gestora.
Com 37 centros de distribuição no Brasil, 24 na Colômbia, mais 35 in-house (dentro da unidade operacional de clientes), os fundos focam em recuperar a agilidade que a empresa perdeu nos últimos anos. “Temos a ideia ambiciosa de repetir nossa experiência anterior e fortalecer a marca AGV organicamente, resolvendo algumas ineficiências e eliminando alguns custos corporativos”, diz Wadih, sem descartar também M&As.
A expectativa é dobrar o Ebitda da companhia em até quatro anos, abrindo caminho para um IPO na bolsa brasileira.
Na Vinci, esse é o terceiro investimento do VCP IV, que tem ainda a Arklok, de locação de equipamentos de TI, e a Bold Hospitality Company, que opera as marcas Outback, Aussie e Abbraccio, no Brasil. Com essa transação, o fundo de R$ 4 bilhões está 40% alocado, diz Gabriel Felzenszwalb, co-head de private equity da gestora.
“A operação com Brasil e Colômbia pode ser um começo para a expansão na América Latina, com algumas avenidas de aquisição. A empresa gera caixa e tem alavancagem baixa, o que lhe dá total condição de crescer com balanço”, diz Felzenszwalb.
Fonte: Pipeline
