Scott Galloway e Amy Webb lotaram os auditórios da auditórios do evento de cultura e inovação SXSW 2025
— De Austin (Texas)
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Uma onda de fusões e aquisições e a transformação da inteligência artificial (IA) em uma “inteligência viva” estão entre as projeções feitas pelo professor e empreendedor Scott Galloway e pela futurista e CEO do Future Today Strategy Group (FTSG), Amy Webb, a auditórios lotados no sábado, durante o evento de cultura e inovação SXSW 2025, em Austin, no Texas (EUA).
“Vai haver uma explosão [de fusões e aquisições] com o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) e a Comissão Federal de Comércio (FTC) basicamente neutralizados [na gestão do presidente Donald Trump]”, disse Galloway. Ele destacou potenciais negociações da fabricante de aeronaves Boeing, a de microprocessadores Intel e a varejista Target, este ano, mas sua principal aposta envolve a Intel.
“A indústria de chips cresceu, mas essa empresa descobriu uma maneira de arrancar a derrota das garras da vitória repetidamente”, comentou o empreendedor.
Na indústria de tecnologia, 2025 será o ano da “OpenVidia”, o apelido que Galloway deu para a dominância da fabricante de chips Nvidia e da criadora do ChatGPT, a OpenAI, no mercado. Ele também aposta na ascensão do YouTube, da Alphabet, como plataforma de consumo de vídeos e podcasts, e no potencial de crescimento da Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, em IA.
“Nove entre dez pessoas fora da China estão em uma plataforma da Meta em termos de dados brutos”, destacou. “A Meta tem mais carvão para jogar na fornalha do LLM [grandes modelos de linguagem, base para treinamento de aplicações de IA generativa]”. O apoio do setor privado, especialmente das gigantes de tecnologia americanas, as “big techs” ao presidente Donald Trump foi chamado de “dominó da covardia” na apresentação de Galloway.
Da lista de dez projeções para 2024, o “professor G” errou nas eleições dos EUA, na redução das tensões do país com a China e entre o Reino Unido e Israel. Mas acertou ao prever “a Índia é a nova China”, que a tecnologia do ano seria o GLP-1, hormônio que é a base dos medicamentos para emagrecimento, e que a Reddit seria a maior oferta pública inicial (IPO) do ano. Para 2025, sua aposta de IPO está na varejista chinesa Shein.
Ele também alertou sobre o vício das novas gerações em tecnologia e seu envolvimento emocional com assistentes de IA. A dificuldade do jovem em se relacionar e ter filhos, disse, levará os Estados Unidos a uma crise de natalidade. Galloway também defendeu a proibição do celular em sala de aula. “A maneira mais rápida de melhorar as pontuações em uma escola é simplesmente proibir telefones.”
Amy Webb foi mais longe em suas projeções. Apresentou à plateia a evolução dos agentes de inteligência artificial atrelados a robôs e a novos materiais biológicos, os “metamateriais”, que darão origem à “inteligência viva”” (LI, na sigla em inglês).
“A inteligência viva é um sistema que pode sentir, aprender, adaptar-se e evoluir, e é possível através da inteligência artificial, de sensores avançados e biotecnologia”, disse a futurista referindo-se aos três pilares do que chamou de “superciclo tecnológico”, apresentado no SXSW de 2024.
A futurista também afirmou que a evolução da IA passa pela “IA incorporada”, que está aprendendo características do mundo físico, como andar, tropeçar e pular obstáculos, e que já faz parte da estratégia de big techs como Microsoft, Google e Apple.
No início do painel, Webb propôs que os participantes sentassem sobre pequenos cubos de madeira distribuídos para a plateia e que traziam mensagens como “abrace o desconhecido” ou “todo problema é como um quebra-cabeças”. O incômodo de ficar imóvel em um cubo por 55 minutos de palestra, ela explicou, é equivalente “à pedra no sapato” que desvia o foco de pessoas e empresas de tomarem decisões importantes para o futuro. “Hoje, essa pedra no seu sapato são todas as manchetes sobre IA, é o FOMO [medo de perder, na sigla em inglês], a inflação, o mercado financeiro, aquele que não deve ser nomeado [provavelmente referindo-se a Donald Trump]”, explicou Webb. “O problema é que o futuro vai aparecer independentemente de quão desconfortável você esteja. Para lidar com a pedra, você precisa manter seu centro, reconhecer forças externas e entrar na distração para poder transformá-la”, aconselhou.
A jornalista viajou a convite da Unico