Companhia vai encerrar 2023 com mais de R$ 3 bilhões em receita líquida e segue firme na rota para alcançar R$ 5 bilhões em 2025
Por Stella Fontes — De São Paulo
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João Adibe Marques, presidente: chegada à rede nacional de TV com campanha de genéricos foi o divisor de águas — Foto: Anna Carolina Negri/Valor
Uma das maiores farmacêuticas brasileiras, a Cimed deve encerrar 2023 com mais de R$ 3 bilhões em receita líquida pela primeira vez em sua história, firme na rota para alcançar a meta de R$ 5 bilhões em 2025. O ano da companhia também ficará marcado por gols de marketing que impulsionaram as vendas de genéricos, de vitaminas e do hidratante labial Carmed, que se tornou um fenômeno e em poucos dias estava esgotado nas farmácias brasileiras após uma parceria com a marca Fini, de doces.
O pano de fundo para o crescimento acelerado dos negócios, avalia o presidente da Cimed, João Adibe Marques, é a aposta no retorno do consumidor à “vida normal” após a pandemia. “O grande sucesso de 2023 foi aproveitar a onda da volta à vida normal e olhar para o mercado pré-pandemia, em 2019, tirando o foco da covid-19”, disse, em entrevista ao Valor.
Outro acerto veio da presença em rede de TV nacional para promover seus medicamentos genéricos, que em unidades representam cerca de 70% do negócio consolidado – em receita, os não medicamentos têm peso de 35%. Com uma campanha ousada, de “pague um, leve dois” no Dia do Genérico (20/05), a Cimed contribuiu para o crescimento do segmento como um todo, contou.
Efeito similar aconteceu com a procura por hidratantes labiais. Antes da “collab” de sucesso com a Fini, esse mercado girava em torno de 1 milhão de unidades por mês no país, e a Nivea tinha participação de 70%. Com o lançamento do Carmed Fini, nos sabores Banana, Beijos e Dentadura, o mercado chegou a 3 milhões de unidades por mês, com fatia atual de 36,3% para Nivea e de 37,4% para Carmed, em volume.
Em junho, quando pela primeira vez a farmacêutica ultrapassou o nível de R$ 300 milhões em receita líquida mensal, houve uma sucessão de recordes. Naquele mês, os genéricos geraram receita R$ 100 milhões, alta de mais de 40% frente à média dos seis meses anteriores, refletindo o lançamento de novas moléculas e a estreia na mídia nacional. Já Lavitan, família de vitaminas que se associou ao futebol brasileiro masculino e feminino, alcançou a marca histórica de R$ 40 milhões em vendas no mês, com expansão de 90%.
O Carmed, por sua vez, vendeu R$ 23,5 milhões em junho, ou 1,5 vez o faturamento registrado em todo o ano de 2022. Para agosto, a expectativa é chegar aos R$ 60 milhões. Para fazer frente à demanda, contou a vice-presidente da companhia, Karla Felmanas, equipes da Cimed foram aos fornecedores para garantir acesso a mais insumos e foi preciso importar uma nova máquina para envase do hidratante labial com efeito gloss que viralizou nas redes sociais e terá novos sabores.
Sucesso do Carmed Fini também trouxe reconhecimento para marca Cimed”
— Karla Felmanas
Com o novo equipamento, a capacidade produtiva de Carmed vai triplicar, chegando a 5 milhões de unidades por mês. O sucesso foi tão grande que ainda é difícil encontrar o produto nas farmácias e puxou as vendas de outros itens do portfólio. “Com o Carmed, o consumidor passou a identificar também a marca Cimed, estabelecendo uma relação de confiança”, contou. Conhecida nas redes sociais como Karla Cimed, a empresária teve participação direta para que o produto se tornasse objeto de desejo.
A farmacêutica segue apostando na exposição ao mundo dos esportes. Além de patrocinar o futebol do Palmeiras (SP) e do Cruzeiro (MG), está investindo R$ 40 milhões no ciclo de quatro anos da Copa do Mundo masculina e feminina, apoiando as seleções brasileiras. Recentemente, lançou a campanha relativa ao mundial que começou no dia 20 na Austrália e na Nova Zelândia, e, assim como fez na Copa do Catar, desenvolveu uma série de ações para promover a marca Lavitan.
Entre as iniciativas está a contratação das jogadoras Debinha e Bia Zaneratto, além da ex-jogadora Formiga, como embaixadoras de Cimed e Lavitan no evento esportivo. “É nossa primeira vez na Copa feminina. A proposta é modificar o futebol feminino, que as meninas tenham o mesmo destaque que os meninos. Todos os patrocinadores agarraram essa ideia”, contou Karla.
Além de ter acompanhado a preparação das jogadoras na Granja Comary, o amistoso em Brasília e o voo para a Austrália, com um kit especial de produtos para as atletas, a Cimed manteve a parceria com a torcida oficial da seleção por meio do Movimento Verde Amarelo (MVA) e está apoiando o projeto Meninas Em Campo. O programa, voltado ao desenvolvimento de meninas de 9 a 17 anos por meio do futebol, atende a mais de 230 jovens em São Paulo, 12 delas atuantes na seleção brasileira Sub 17.
Para assegurar o crescimento de R$ 1 bilhão ao ano em receita líquida e atingir os R$ 5 bilhões traçados para 2025, a estratégia é manter o ritmo de novidades. Ainda em 2023, a empresa entrará no mercado de estética e cuidados com a pele (“skincare”), com uma linha de ácido hialurônico para uso em clínicas e consultórios sob a marca Milimetric, a custos mais acessíveis. Entre 2024 e 2025, a previsão é lançar cerca de 30 novas moléculas no mercado de medicamentos (a maior parte de genéricos).
Segundo João Adibe, a empresa acredita no modelo de negócios verticalizado, com foco em farmácias independentes e distribuição própria. “A Cimed aposta em acesso e rentabilidade, com uma agenda de crescimento orgânico no Brasil.”
Fonte: Valor Econômico