O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode aprovar nesta quarta-feira (10) a fusão Petz – Cobasi com restrições, colocando fim ao ato de concentração mais aguardado no ano pela comunidade antitruste. Há, no entanto, riscos de adiamento da análise.
Caso os conselheiros do Tribunal aprovem a operação, a tendência é que determinem a venda de lojas da nova empresa que será formada. Mas existe um risco menor de o processo ser retirado de pauta, segundo disseram ao Valor.
Pelos termos propostos para a operação, acionistas da Petz terão 52,6% da nova empresa e os da Cobasi, 47,4%.
Na área técnica do Cade, a operação já tinha recebido neste ano sinal verde sem restrições, o que surpreendeu o mercado e a comunidade antitruste. Mas a Petlove, que concorre com Petz e Cobasi, entrou posteriormente com recurso, o que levou o caso para o Tribunal do Cade.
Na sua análise, a área técnica entendeu que o mercado de pet shop, nos dias de hoje, é dinâmico e conta com diversos concorrentes, já que compras virtuais também precisam ser levadas em conta.
A área técnica considerou que as duas empresas têm atuação principal no varejo de produtos para pet e atividades relacionadas ao mercado, tanto por meio de lojas físicas quanto por canais digitais. Mas avaliou que isso não impediria a operação.
A posição branda surpreendeu fontes que acompanham a operação, porque havia uma expectativa de que fosse determinada ao menos a negociação de “remédios”. Em entrevista ao Valor em junho, o superintendente-geral, Alexandre Barreto, afirmou que a análise foi aprofundada na área técnica e que não era necessária a intervenção do órgão antitruste.
Além de determinar a venda de lojas, o Cade deve impor outros “remédios” comportamentais – medidas a serem adotadas para mitigar impactos anticompetitivos decorrentes da operação.
Caso o ato de concentração seja realmente retirado de pauta pelo relator José Levi, o Cade precisará convocar uma sessão extraordinária ainda neste ano ou a operação será aprovada automaticamente. No entanto, se a opção for pela retirada, a tendência é que uma nova sessão seja convocada, apurou o Valor.
Como mostrou o Valor em novembro, a Petlove pediu a venda de 105 lojas da possível nova companhia no Estado de São Paulo, de forma a mitigar os impactos concorrenciais da operação.
Em nota, a Petlove informou que a “única alternativa possível” para a aprovação da operação pelo Cade é por meio da imposição de “remédios” estruturais “robustos” capazes de criar um concorrente “viável e efetivo”.
“O desinvestimento deve trazer medidas que garantam uma efetiva transferência de ‘share’ [de mercado] para o comprador, assegurando a transferência de uma unidade de negócios completa e operacionalmente autônoma, capaz de replicar a disciplina competitiva, sendo certo que o adquirente desses ativos deve ter plenas condições de gerir o negócio de forma a se tornar um competidor efetivo”, afirma.
Petz e Cobasi foram procuradas, mas não se manifestaram.
Fonte: Valor Econômico