Os gestores de fundos hedge mais bem sucedidos do mundo tiveram seus maiores lucros históricos no ano passado, com apostas ousadas nos mercados de ações mostrando-se acertadas quando os preços dos papéis subiram.
Os 20 principais gestores lucraram US$ 67 bilhões para os investidores em 2023, segundo aponta uma pesquisa da LCH Investments. O número foi maior que o recorde anterior de US$ 65 bilhões estabelecido em 2021.
Esse desempenho consolidou seu domínio sobre o resto do setor – os 20 fundos hedge que tiveram os melhores desempenhos desde sua criação administram 19% dos ativos, mas obtiveram cerca de um terço dos lucros anuais em 2023, em dólares.
A lista da LCH calcula quais gestores, num setor que movimenta anualmente US$ 4 trilhões, são os mais bem-sucedidos com base nos lucros acumulados em dólares que eles obtiveram para seus investidores desde o início, após as taxas. A LCH vem monitorando os 20 maiores fundos hedge desde 2012. Os que se destacaram no ano passado foram o TCI de Sir Christopher Hohn, o Citadel de Ken Griffin e o Viking de Andreas Halvorsen.
Brad Amiee, diretor e chefe de análises da LCH Investments, diz que o forte desempenho do mercado de ações foi um fator que contribuiu para alguns dos maiores fundos. “As ações tiveram um desempenho fantástico”, disse ele.
Manter as coisas voltadas para o longo prazo e uma carteira com posições de alta qualidade tem sido o caminho a seguir”
Esse desempenho continua neste ano: o índice de ações Standard & Poor’s 500 (S&P 500) da bolsa de Nova York, que reúne as principais ações, atingiu um patamar recorde na sexta-feira graças aos fortes ganhos das maiores empresas de tecnologia.
O fundo do TCI ganhou US$ 12,9 bilhões para os investidores e encerrou o ano passado com valorização de 33%, à frente do S&P 500, de 24%. Suas maiores posições incluíam no fim de setembro a Alphabet, Canadian National Railway, Visa, General Electric e a agência de classificação de risco Moody’s, segundo documentos protocolados nas autoridades reguladoras.
O Citadel teve US$ 8,1 bilhões em lucros no ano passado, após obter um recorde de US$ 16 bilhões em 2022. Seu desempenho desde sua criação faz dele o fundo hedge mais bem-sucedido da história. O Viking de Andreas Halvorsen obteve um lucro de US$ 6 bilhões em 2023.
O fundo Pershing Square do bilionário americano Bill Ackman voltou a entrar para os 20 maiores após deixar o ranking em 2015. Ele teve uma valorização de 27% em 2023, lucrando US$ 3,5 bilhões no período.
O fundos TCI e Pershing Square se beneficiaram especialmente ao fazerem apostas concentradas em determinadas ações que acabaram subindo bastante no ano passado.
“Poderíamos afirmar que, uma vez que a venda a descoberto é uma subestratégia tão desafiadora, manter as coisas voltadas para o longo prazo e uma carteira concentrada em posições de alta qualidade tem sido o caminho a seguir”, disse Amiee.
Algumas gestoras multiestratégias, que negociam uma série de ativos, também se saíram bem – incluindo a Citadel.
A Millenium e a DE Shaw, que são firmas multiestratégias, ocuparam juntas o segundo lugar no ranking histórico, lucrando no ano US$ 5,7 bilhões e US$ 4,2 bilhões, respectivamente.
“A persistência na obtenção de lucros das grandes firmas multiestratégias nos últimos anos tem sido uma tendência notável”, diz Rick Sopher, presidente-executivo da Edmond de Rothschild Capital e presidente da LCH Investments.
A Bridgewater, que em 2022 perdeu sua posição no topo do ranking histórico para a Citadel, caiu dois lugares no ranking, para a quarta posição, perdendo US$ 2,6 bilhões. No ano passado, a gestora limitou os investimentos em seu principal veículo e reduziu em cerca de 8% sua força de trabalho em uma reorganização da equipe, depois que Ray Dalio, seu fundador, abriu mão do controle da firma.
O TCI e o Pershing Square são as gestoras mais jovens da lista, competindo com grupos mais velhos como o Millennium e o Citadel, que foram fundados em 1989 e 1990, respectivamente.
A pesquisa constatou que os 20 principais gestores geraram US$ 755,4 bilhões em lucros desde que foram estabelecidos – mais do que os US$ 655,5 bilhões em ativos que eles administram atualmente. Os números sugerem que os principais gestores priorizam a distribuição cuidadosa do capital dos investidores, em vez de tentar tornar os fundos os maiores possíveis.
Fonte: Valor Econômico

