O mercado de fundos de investimento imobiliário (FIIs) teve neste ano a primeira mudança significativa no perfil das negociações desde 2019, segundo relatório da área de pesquisa da Santander Corretora. No período, os investidores estrangeiros saíram de uma fatia de 5% do volume negociado para 16%, movimentação que vem influenciando o pregão, afirma o autor do estudo, Flavio Pires. O ritmo de aumento acelerou em 2024, visto que em dezembro do ano passado a participação era de 10%.
O analista de FIIs da Santander Corretora identificou dois tipos principais nesse grupo: os fundos de índice negociados em bolsa (ETFs) e os fundos mútuos globais, que somam uma alocação de nada menos do que R$ 4,6 bilhões em FIIs, de um mercado de R$ 160 bilhões. “Eles já têm posições grandes e podem vir com mais força formar preço na bolsa brasileira”, destaca Pires.
De acordo com o analista, a maioria dos fundos globais faz o rebalanceamento de sua carteira neste mês, o que pode gerar até um rali de FIIs, que nos últimos meses amargam sucessivas quedas. Esse ajuste é feito todos os meses de março, junho, setembro e dezembro. No estudo, Pires avaliou a influência no pregão da última mexida na carteira e o resultado é que alguns FIIs chegaram a ter negociação dez vezes maior do que a média dos 30 dias anteriores, sofrendo com pressão vendedora ou compradora descolada dos fundamentos e do mercado.
“Olhando o tamanho desses fundos globais e o propósito de longo prazo, o potencial é grande mesmo com o segmento em um momento mais difícil como o de agora, com expressivos descontos no valor da cota de mercado em relação ao valor patrimonial e perspectiva de mais altas de juros.” Para ele, os FIIs vão continuar atraindo esses investidores. “Eles trazem mais liquidez para o mercado e chamam outros estrangeiros, como multimercados e fundos globais.”
Eles já têm posições grandes e podem vir com mais força formar preço na bolsa”
Também nas ofertas públicas de FIIs os estrangeiros tiveram presença forte. O XP Malls (XPML11), por exemplo, que fez uma captação recorde no início do ano de R$ 1,8 bilhão, recebeu R$ 449 milhões da classe de investidores, aponta o relatório do Santander. Já o Kinea Renda Imobiliária (KNRI11) levantou R$ 666 milhões em junho, sendo R$ 296 milhões de não residentes.
Em custódia de FIIs, a grande maioria, 76%, continua de pessoas físicas, seguidas de 18% de institucionais (fundos de pensão, seguradoras, outros fundos, empresas) e 4,5% de não residentes. No volume negociado, os individuais caíram de 68% em agosto do ano passado para 64% em julho deste ano e os institucionais, de 21% para 16%.
Fonte: Valor Econômico

