A exposição em bolsa brasileira, juros reais, ativos de crédito e uma pitada de ouro trouxeram bons resultados para o fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, em outubro, com valorização de 1,48%. Os ganhos no ano já chegam a 13,58% ante 11,76% do CDI, o juro das trocas interfinanceiras e que anda colado à Selic.
As perdas do portfólio no mês passado estiveram atreladas a moedas e cripto. O gestor tirou, contudo, o pé do acelerador na sua exposição a ativos locais.
Na sua descrição de cenário, a equipe de gestão fala das reviravoltas no front local, com a derrota do governo na votação da Medida Provisória 1.303, mas com ganhos de popularidade do governo Lula em sondagens para reavaliação eleitoral em 2026.
Os ativos brasileiros cederam nas primeiras semanas do mês, mas o movimento foi revertido com o forte fluxo de capital estrangeiro. Houve impactos positivos para o real e para as ações, com o Ibovespa engatando “uma inédita sequência de dias consecutivos de alta”, de 13 pregões.
A carta também menciona a reversão do sentimento em relação ao presidente após a Operação Contenção no Rio de Janeiro trazer o tema da segurança pública ao debate.
“Em meio a este cenário, reduzimos a alocação em ativos de risco brasileiros, por considerar o retorno prospectivo mais limitado para os riscos e a volatilidade que vemos à frente.”
O fundo montou operações de hedge (proteção) na sua alocação em ações brasileiras, reduzindo a parcela liquidamente comprada. Na renda fixa local, manteve a estratégia atrelada a juro real e comprada na inflação implícita. A fatia em real foi zerada. A alocação de crédito local foi reduzida após venda das debentures perpétuas da Vale.
Lá fora, o time de Stuhlberger aponta que a incerteza global aumentou por causa do “shutdown” (paralisação) do governo americano, com o congelamento do orçamento público. Há um vácuo na divulgação de dados para analisar o passo da economia.
O banco central americano, depois de cortar o juro em 0,25 ponto percentual as taxas de juros nas reuniões de setembro e outubro, deu um tom um pouco mais sóbrio para as perspectivas de mais cortes adiante.
“Além disso, a grande força motriz dos mercados acionários e da macroeconomia americana tem sido o ciclo de investimentos em Inteligência Artificial, e cada questionamento sobre a sustentabilidade desse ciclo traz volatilidade desproporcional” escreve a equipe de gestão.
A incerteza geopolítica segue no radar, apesar do encontro entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, ter resultado em redução e tarifas e das tensões.
Em meio a todas essas forças, os ativos de risco tiveram mais um bom mês, com o S&P subindo 2,27%. Outro destaque foi a performance do ouro, que avançou fortemente em setembro e emendou uma alta de mais 12,5% na primeira metade de outubro,
chegando a quase US$ 4.400 a onça troy, para então devolver quase toda essa alta e fechar o mês em US$ 4.005, com alta de 3,75%.
“O fundo conseguiu navegar essa volatilidade com disciplina e continua a carregar posição comprada naquele que vemos como um dos principais beneficiários de uma tendência secular de diversificação de moedas além do dólar” afirma a Verde.
Em moedas, a Verde trocou parte da posição comprada no euro por uma cesta de divisas, continuando com exposição ao renminbi (moeda chinesa) e ao ouro. A casa manteve a alocação em cripto.
Fonte: Valor Econômico

