Os Estados Unidos devem impor novas sanções aos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) que se recusarem a encerrar o julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, afirmou o deputado federal Eduardo Bolsonaro ao “Financial Times”.
“Sei que [Trump] tem uma série de possibilidades em sua mesa, desde sancionar mais autoridades brasileiras a uma nova onda de retiradas de vistos e questões tarifárias”, disse Eduardo ao “Financial Times” em uma entrevista por vídeo.
O jornal aponta Eduardo como responsável por liderar um lobby em Washington por medidas contra o STF para salvar seu pai de uma pena de prisão caso seja considerado culpado de conspirar para derrubar a democracia brasileira. Até o momento, um dos principais alvos de sanções americanas é o ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do julgamento contra o ex-presidente.
“Moraes esgotou todas as suas opções”, disse Eduardo em alusão ao pedido de prisão domiciliar de seu pai, decretado pelo ministro do STF na semana passada. “Trump ainda não esgotou. Trump ainda tem a opção de dobrar sua aposta devido à reação de Moraes.”
“Acredito que pode haver uma forte resposta dos EUA, talvez sancionando a esposa de Alexandre de Moraes, que é seu braço financeiro. Talvez uma nova onda de revogações de vistos, [aqueles] de aliados de Alexandre de Moraes”, disse o deputado federal ao FT.
Viagem à Europa
Eduardo ainda afirmou ao jornal britânico que planeja viajar para a Europa em breve, para pressionar a União Europeia (UE) a impor sanções contra Moraes. “Quero levar as sanções dos EUA ao conhecimento dos parlamentares europeus para que ele possa ser sancionado lá.”
“Por exemplo, o líder do Chega, que agora é o segundo maior partido em Portugal, André Ventura, disse que também quer impedir Alexandre de Moraes de entrar em Portugal e congelar quaisquer bens que ele possa ter lá, com base nas leis de direitos humanos.”
O FT acredita que Eduardo pode ser bem recebido entre políticos europeus de extrema-direita, apesar do grupo não ser maioria no Parlamento Europeu.
No mês passado, o polonês Dominik Tarczyński e outros 15 eurodeputados escreveram à alta representante da UE para Relações Exteriores, Kaja Kallas, pedindo para que ela recomendasse sanções específicas contra Moraes e seus aliados no STF “por seus flagrantes violações de direitos humanos”.
Sobre a sua situação no Brasil, Eduardo rejeitou as críticas de seus adversários de que ele seria “antipatriota” e de que suas campanhas pró-sanções nos EUA seriam responsáveis por prejudicar as exportações brasileiras e causar a perda de empregos.
“Estou agindo para que pessoas de esquerda possam me insultar e criticar”, disse ao “Financial Times” ao defender que suas ações foram motivadas para “salvar a democracia”.
A Casa Branca e o Departamento de Estado dos EUA não responderam imediatamente a um pedido de comentário do “Financial Times”.
Fonte: Valor Econômico

