O presidente-executivo do Goldman Sachs, David Solomon, expressou otimismo com a possibilidade de que o governo Trump atenda aos alertas das empresas americanas de que uma guerra comercial retaliatória poderia ameaçar a economia global. A afirmação ocorre enquanto a Casa Branca embarca em negociações comerciais abrangentes com os parceiros comerciais.
Solomon afirmou que a incerteza sobre o crescimento e os “temores sobre os efeitos potencialmente crescentes de uma guerra comercial” criaram “riscos materiais” para a economia dos EUA e global.
Embora a suspensão, pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de parte de suas tarifas planejadas tenha sido encorajadora, Solomon alertou que executivos-chefes e grandes investidores foram prejudicados pela incerteza política e que havia sinais crescentes de desaceleração econômica.
“Estamos esperançosos de que o feedback de empresas, grandes e pequenas, investidores institucionais e, em última análise, consumidores, apoiará uma abordagem que levará a maior certeza econômica e crescimento a longo prazo”, disse Solomon nesta segunda-feira (14).
Os comentários aos analistas foram feitos no momento em que o banco de Wall Street divulgou os resultados do primeiro trimestre, impulsionados pela volatilidade do mercado que acompanhou o retorno de Trump ao cargo.
O negócio de corretagem de ações e títulos do Goldman Sachs teve o seu melhor trimestre já registrado, ajudando o banco a registrar um lucro líquido de US$ 4,7 bilhões, um aumento de 15% em relação ao ano anterior e acima das estimativas dos analistas de US$ 4,3 bilhões.
O segmento de negociação — ações em particular — foi o que mais se destacou no trimestre, tornando o Goldman Sachs o mais recente banco de Wall Street a reportar fortes ganhos nos negócios de corretagem, depois de J.P. Morgan Chase e Morgan Stanley na sexta-feira.
A receita com ações foi 27% maior do que no ano anterior, atingindo US$ 4,2 bilhões. A receita da divisão de renda fixa, moedas e commodities do banco cresceu apenas 2%, atingindo US$ 4,4 bilhões.
O crescimento da receita no segmento destaca por que os bancos estavam ansiosos para preservar suas divisões de corretagem, apesar dos anos de retornos fracos após a crise financeira de 2008.
O setor enfrentou dificuldades devido a um regime regulatório mais rigoroso, que tornou a negociação proprietária muito mais difícil, bem como às taxas de juros extremamente baixas que atenuaram a volatilidade do mercado.
Mas a negociação de ações voltou à ordem do dia, já que as mudanças políticas abruptas do governo Trump desencadearam um frenesi nos mercados.
“Foi um longo caminho para voltarmos ao ponto em que estávamos”, disse Jason Goldberg, analista de bancos do Barclays.
“Todos os bancos americanos mantiveram a estratégia, se reorganizaram e se reestruturaram. Isso certamente os beneficiou nos últimos anos, com o aumento das taxas de juros e da volatilidade.”
Embora alguma volatilidade seja benéfica para as unidades de negociação dos bancos, o excesso de incerteza pode levar à paralisação dos mercados.
A volatilidade também restringiu o setor de banco de investimento. As taxas de banco de investimento do Goldman Sachs caíram 8%, para US$ 1,9 bilhão. O número de novos negócios divulgados desde o início de janeiro é o menor em mais de uma década.
Solomon afirmou que “o cenário volátil levou a uma atividade mais contida em relação aos níveis que esperávamos para o início do ano” e que a capacidade do banco de concluir negócios em seu pipeline dependeria das condições de mercado.
Fonte: Valor Econômico

