BlackRock, Schroders e Fidelity International compraram gilts [títulos públicos do Reino Unido] durante a liquidação ocorrida na quarta-feira, apostando que a incerteza quanto ao futuro da chanceler Rachel Reeves não desencadearia uma correção mais profunda na dívida soberana britânica.
Os gilts e a libra esterlina sofreram forte queda depois que Sir Keir Starmer se recusou a expressar apoio pleno à sua chanceler, levantando temores entre investidores de que sua possível saída levaria ao afrouxamento das regras fiscais e ao aumento do endividamento.
Os yields [rendimentos] dos títulos de 10 anos chegaram a 4,68% na quarta-feira, antes de recuarem para 4,53% na quinta-feira, após o primeiro-ministro afirmar com mais veemência que Reeves permaneceria no cargo. Os yields se movem em sentido inverso aos preços dos títulos.
“Estamos com posição ‘overweight’ no mercado de gilts, e de fato aumentamos essa posição ontem à tarde”, afirmou Simon Blundell, codiretor de renda fixa ativa europeia na BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo.
Ele explicou que o grupo aproveitou a queda acentuada nos preços dos títulos para apostar que os gilts superariam os Treasuries [títulos do Tesouro dos EUA], com base na crença de que a liquidação do mercado não se transformaria numa repetição da crise que seguiu o malfadado “mini” orçamento da ex-primeira-ministra Liz Truss, em 2022.
Aquele episódio desencadeou vendas forçadas de gilts por fundos de pensão, resultando em um colapso de mercado que só foi contido após intervenção do Banco da Inglaterra.
Desde então, os fundos de pensão reduziram seu uso de alavancagem, o que, segundo Blundell, diminuiu o risco de um ciclo vicioso de vendas de gilts.
O spread [diferença de rendimento] dos títulos britânicos de 10 anos em relação aos Treasuries de mesma duração saltou para quase 0,4 ponto percentual no auge da liquidação de quarta-feira — o nível mais alto desde o colapso global dos mercados de renda fixa ocorrido em abril.
A gestora britânica Schroders também aumentou sua exposição a gilts durante a liquidação, apostando que Starmer relutaria em demitir Reeves por medo de provocar uma reação de mercado ainda mais intensa.
Keir Starmer diz que Rachel Reeves permanecerá chanceler “por muito, muito tempo” em entrevista à Virgin Radio
“Ela é uma excelente chanceler, continuará como chanceler por muito tempo, até a próxima eleição e além dela. Rachel e eu estamos absolutamente comprometidos com nossas regras fiscais e com a estabilidade econômica que é tão importante para este país. Isso é o alicerce sobre o qual construímos tudo o mais. Nesse ponto, Rachel e eu estamos completamente alinhados há anos. Trabalhamos muito próximos na oposição, estamos governando juntos. Ela é uma grande colega, é minha amiga, e continuarei trabalhando com ela por muito tempo.”
— Keir Starmer, © Reuters
“Ontem nós, na verdade, compramos mais alguns gilts, pensando que não haveria nenhuma consequência [de Starmer demitir Reeves], porque é muito evidente que o mercado está apoiando Reeves”, afirmou Julien Houdain, chefe de renda fixa global não restrita do grupo.
A Fidelity International, com sede em Londres, também comprou gilts de prazo longo após o “acentuado empinamento da curva de juros ontem à tarde”, disse o gestor Mike Riddell.
“Simplesmente não acreditávamos que o Partido Trabalhista pudesse — ou quisesse — arriscar um colapso totalmente evitável no mercado de gilts”, acrescentou.
A volatilidade dos mercados na quarta-feira foi desencadeada pela decisão de Starmer de desidratar seu controverso projeto de lei de bem-estar social, numa tentativa de apaziguar dissidentes dentro de seu partido — o que deixou o governo com a necessidade de encontrar bilhões de libras em aumentos de impostos ou cortes de gastos para evitar um aumento na dívida.
“O espaço de manobra é muito limitado, e o mercado vai observar com atenção se a trajetória de sustentabilidade fiscal está em risco”, afirmou Sonja Laud, diretora de investimentos da divisão de gestão de ativos da Legal & General.
Reportagem adicional por Ray Douglas
Fonte: Financial Times
Traduzido via ChatGPT
