Por Pedro Borg, Valor — São Paulo
25/07/2023 12h14 Atualizado há 20 horas
O movimento de fragmentação do comércio global e de mudanças nas cadeias globais de produção irão afetar mais os países emergentes e em desenvolvimento do que países ricos, que estão liderando o movimento, disse o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas, durante coletiva sobre o lançamento do mais recente Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês).
Segundo Gourinchas, o aumento do movimento de fragmentação da economia mundial irá deslocar as cadeias de produção para que elas sejam concentradas em países ricos ou próximos deles, o que irá afetar a competitividade dos emergentes e em desenvolvimento, mais dependentes de medidas de cooperação.
“A cooperação multilateral é a melhor maneira de manter o crescimento”, disse Gourinchas na coletiva, ressaltando que apesar do FMI ter revistado em 0,2 ponto percentual para cima o desempenho da economia global neste ano, a alta ainda será menor do que a registrada no ano passado.
Além da previsão de curto prazo, o FMI revelou no relatório que prevê crescimento baixo no longo prazo, algo que Gourinchas explicou ser motivado pela queda na produtividade provocada pela alta nas taxas de juros, instrumento usado para conter a alta da inflação mundial.
“No longo prazo também vemos crescimento baixo e isso preocupa mais porque indica queda na produtividade. Não temos respostas para lidar com isso, achamos que isso é causado pelo envelhecimento da população”, disse Gourinchas durante a coletiva. “Impactos da covid-19 também são um fator, já que as medidas para conter os efeitos da pandemia deixaram Estados com pouco espaço fiscal”.
Apesar do cenário de longo prazo provocado pela alta nas taxas de juros, o economista-chefe do FMI diz que o movimento de aperto da política monetária internacional foi essencial para a manutenção das expectativas de que a economia global se estabilizaria dos choques provocados pela pandemia e guerra da Ucrânia – situação que caso ficasse fora de controle, iria afetar fortemente os investimentos privados, segundo Gourinchas.
“A política monetária também afeta atividade econômica e isso vai ajudar a trazer a inflação para as metas dos bancos centrais”, disse Gourinchas. “Com inflação diminuindo, entramos na última fase do ciclo de alta das taxas de juros […], mas a batalha contra a inflação ainda não foi vencida”.
Fonte: Valor Econômico

