Por Roberto Lameirinhas e Suzi Katzumata, Valor — São Paulo
10/01/2024 21h55 Atualizado há 11 horas
Representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do governo de Javier Milei anunciaram nesta quarta-feira (10) um acordo técnico que dará à Argentina acesso a um novo desembolso de US$ 4,7 bilhões.
Nas reuniões com a equipe técnica do Fundo, o governo argentino se comprometeu com uma meta de superávit primário de 2% do PIB este ano — que considera consistente com o equilíbrio global —, por meio de uma combinação de medidas de receitas e despesas.
Além disso, de forma consistente com o programa fiscal, o governo argentino se comprometeu a não emitir nova dívida, em vez disso, vai se concentrar em melhorar o perfil da dívida interna. Outra prioridade é reconstruir sua relação com os mercados internacionais, segundo o FMI.
“Espera-se que as receitas sejam apoiadas temporariamente por impostos mais elevados relacionados com o comércio, bem como por ganhos provenientes da normalização da produção agrícola”, disse o FMI em nota.
“Chegamos a um acordo com o FMI no marco da sétima revisão do Programa de Facilidades Estendidas”, disse, em entrevista coletiva, o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo. “Não se trata de um novo acordo, mas da recuperação do acordo anterior que estava afundado pelo descumprimento das metas”, prosseguiu. “Recuperar esse acordo exigia um maior compromisso para compensar a perda de credibilidade ocorrida nos últimos dois trimestres.”
“Não é dinheiro novo, é para pagar os vencimentos de capital que ocorreram em dezembro e o que chega em abril”, ressaltou Caputo.
Ao lado do presidente do Banco Central da República Argentina (BCRA), Santiago Bausili, Caputo ressaltou que a maior parte das medidas anunciadas pelo governo Milei, o “decretazo” e a “Lei Ônibus”, está em linha com o acordo alcançado com o Fundo.
Segundo comunicado do FMI, divulgado pouco antes da entrevista de Caputo, “foram alcançados entendimentos sobre um conjunto reforçado de políticas para restaurar a estabilidade macroeconômica e colocar o atual programa de volta no caminho certo”.
A nota ressalta os principais objetivos do programa inicial — de US$ 44,5 bilhões e acertado em março de 2022 pelo governo do então presidente, Alberto Fernández — “foram descumpridas por grandes margens devido a graves reveses políticos”. “O programa tinha saído do rumo”, afirmou o Fundo.
O governo argentino informou, no início da tarde, que havia alcançado um acordo com o FMI, o que levou a uma forte alta dos ativos argentinos no exterior. Os bônus soberanos argentinos em dólares subiram até 6%, enquanto o risco país voltou a cair abaixo de 2.000 pontos-base.
Fonte: Valor Econômico

