Por Gabriel Roca — De São Paulo
19/09/2023 05h03 Atualizado há 6 horas
Uma pesquisa elaborada pela Warren Rena, adiantada ao Valor, apontou que as duas maiores preocupações para os investidores locais são a possibilidade de frustração com o programa de novas receitas desenhado pelo Ministério da Fazenda para zerar o déficit do ano que vem e o cenário de juros ainda mais elevados nos EUA.
Dentre os 108 respondentes da pesquisa que ouviu gestores, operadores de mercado, economistas e estrategistas, 40,7% deles veem os riscos relacionados ao fiscal como a maior preocupação para os ativos locais, enquanto outros 40,7% apontam o cenário externo como o principal temor para a trajetória dos ativos locais. Ainda, 12,1% apontaram uma desaceleração da atividade global mais acentuada como um fator de cautela, enquanto 4,4% citaram uma inflação mais resiliente no ambiente doméstico.
A pesquisa também capturou uma desconfiança importante dos agentes em relação à atitude do governo frente a uma possível frustração com o resultado primário do ano que vem. Segundo o levantamento, 45,1% dos entrevistados responderam que o governo deve alterar a meta de primário em 2024 e 8,8% apostam que o Executivo irá alterar a lei do arcabouço fiscal. Outros 46,2% acreditam que o governo irá manter a meta de primário e indicar o acionamento dos gatilhos previstos no arcabouço.
Apesar disso, 75,8% dos participantes avaliam como provável ou muito provável a aprovação de medidas de recuperação de receitas anunciadas pelo governo e 24,2% consideram a aprovação das medidas como improvável.
Neste contexto, o ativo local com a melhor relação entre risco e retorno são as Notas do Tesouro Nacional Série-B (NTN-Bs) de prazos intermediários, citadas por 29% dos respondentes. Títulos pré-fixados de prazo médio também foram citados por 13,2% dos agentes e a compra de ações brasileiras veio na sequência, apontada por 12,1% dos participantes da pesquisa.
Aproximadamente 44% dos respondentes esperam que o Ibovespa encerre o ano entre os 120 e os 130 mil pontos, ao passo que quase 50% veem a bolsa abaixo dos 120 mil pontos. O dólar deve encerrar o ano na faixa atual, de R$ 4,80 a R$ 5, para 56% dos entrevistados. Cerca de 25% veem o câmbio mais depreciado no fim do ano e, por outro lado, 16% esperam um real mais forte em dezembro.
A pesquisa ainda aponta que a aprovação da reforma tributária poderia levar a um melhor desempenho dos ativos locais. “Dos respondentes, 68% avaliam que a aprovação da Reforma Tributária teria efeitos positivos sobre os ativos domésticos. Apenas 7% consideram que os efeitos seriam negativos, mesmo percentual dos que esperam efeitos muito positivos.”
Fonte: Valor Econômico

