O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), fechou acordo para se juntar à rede da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI) de fabricantes de vacinas no Sul Global. A rede trabalha para apoiar respostas mais rápidas e equitativas a futuras ameaças de doenças infecciosas emergentes.
A CEPI vai investir US$ 17,9 milhões — aproximadamente R$ 92 milhões — e as duas instituições vão colaborar para diversificar as capacidades de fabricação de vacinas de Bio-Manguinhos, expandindo novas plataformas de tecnologia de imunizantes de resposta rápida de mRNA e vetor viral contra doenças infecciosas. Com isso, a Fiocruz torna-se o quinto membro da rede global de fabricação da CEPI. Outros membros incluem o Serum Institute, da Índia; a Aspen, na África do Sul; o Institut Pasteur de Dakar, no Senegal; e a Bio Farma, na Indonésia.
A CEPI foi lançada em 2017 como uma parceria entre organizações públicas, privadas, filantrópicas e civis. Sua missão é acelerar o desenvolvimento de vacinas e outras contramedidas biológicas contra ameaças de doenças epidêmicas e pandêmicas e possibilitar acesso equitativo a elas. Central para o plano quinquenal da CEPI de vencer pandemias de 2022 a 2026 está a “Missão 100 Dias” para reduzir o tempo necessário para desenvolver vacinas seguras, eficazes e globalmente acessíveis contra novas ameaças para apenas 100 dias.
O financiamento da CEPI apoiará um novo local de envase, o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), no Campus de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. O investimento da CEPI irá, em última instância, fortalecer as capacidades de desenvolvimento de vacinas de ponta a ponta de Bio-Manguinhos, desde a pesquisa e desenvolvimento até o envase e acabamento. Além disso, a diversificação e expansão das capacidades de fabricação de vacinas de Bio-Manguinhos/Fiocruz, baseadas em mRNA e vetores virais, tanto para patógenos de surtos quanto endêmicos na região, ajudarão a garantir maior sustentabilidade das instalações de fabricação de vacinas entre pandemias, gerando demanda suficiente para manter suas operações.
O desenvolvimento adicional do CIBS no Campus de Santa Cruz, já em construção, tornará este local o maior centro de produção de vacinas na região. Será capaz de produzir 120 milhões de frascos por ano, ajudando a atender à crescente demanda no Brasil, na América Latina e no mundo.
“Reduzir o tempo necessário para fabricar e validar os primeiros lotes de vacinas experimentais será fundamental para possibilitar uma resposta a um surto crescente em apenas 100 dias — um objetivo abraçado pelos líderes do G7, do G20 e da indústria — e poderia ajudar a deter uma futura pandemia durante seu curso”, diz a Fiocruz em nota.
Ainda de acordo com a fundação, a inclusão da Fiocruz impulsionará significativamente os esforços de produção de vacinas na região da América Latina e do Caribe, aumentando a capacidade para produzir imunizantes em resposta a ameaças epidêmicas e pandêmicas.
“Expandir a capacidade global de fabricação de vacinas é crucial para fortalecer nossas defesas coletivas contra surtos”, afirma o CEO da CEPI, Richard Hatchett, que acrescenta que a “expertise renomada” em fabricação de Bio-Manguinhos e suas “crescentes capacidades de resposta rápida” estão posicionadas para desempenhar um “papel vital” na ampliação do acesso a vacinas na região. “Esta crescente rede de fabricantes apoiada pela CEPI, dedicada ao acesso no Sul Global, está ajudando a equipar melhor o mundo para responder de forma mais rápida e equitativa às ameaças futuras de pandemia”, ressalta o executivo.
Para o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, “é muito promissor para a Fiocruz, por meio de Bio-Manguinhos, integrar a rede global de fabricação de vacinas da CEPI”. “Somos reconhecidos por desempenhar um papel estratégico na promoção da produção de vacinas na América Latina, e, com esta parceria, visamos ir além de sermos fabricantes de referência”, observa Moreira. “Nosso objetivo é ser agentes de transformação e facilitadores para expandir a capacidade de produção de vacinas nos países do Sul Global, especialmente em plataformas de mRNA e vetor viral, garantindo uma resposta mais ágil e eficaz a surtos emergentes e acesso mais equitativo às vacinas para nossas populações.”
O diretor de Bio-Manguinhos, Mauricio Zuma Medeiros, afirma que construir capacidade local e regional no Sul Global é crucial para uma resposta rápida a emergências de saúde. “Bio-Manguinhos tem se dedicado a garantir capacidades locais em tecnologia, inovação e manufatura para apoiar o acesso sustentável e equitativo a produtos biológicos. Fazer parte da rede de fabricantes da CEPI representa um marco em nossos esforços atuais de preparação e reforça nosso compromisso em construir ecossistemas de saúde resilientes, ‘não deixando ninguém para trás”, disse.
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Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) — Foto: Reprodução/Fiocruz
Fonte: Valor Econômico