A sensação de que o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, passou é de que a partir do ano que vem, o banco central americano vai reduzir o número de cortes e de que a taxa de final de ciclo pode ser maior do que se esperava.
Para Fernando Fenólio, economista-chefe da WHG, é de que o momento da pausa vai chegar mas não este ano. “Em dezembro, o Fed deve cortar 0,25 ponto, mas, a partir do ano que vem, os cortes vão ser mais espaçados e já em janeiro pode haver uma pausa”, disse. O economista ressalta que isso é natural e que o próprio Powell ressaltou que à medida que a taxa se aproxima do juro neutro, não há pressa no processo de redução do nível de aperto monetário.
Na avaliação do economista para os EUA da Capital Economics, Paul Ashworth, embora Powell tenha evitado comentar sobre o impacto das potenciais políticas de Trump sobre comércio, imigração e expansão fiscal, Powell descreveu a economia como sólida. “Ele também disse que a inflação está fazendo ‘progresso’ em direção à meta de 2%, onde em setembro ele usou a expressão mais dovish ‘maior confiança’. Embora quando questionado sobre isso, disse que a expressão não tinha sido criada para fornecer qualquer sinal de passos futuros”, afirmou.
Para Ashworth, considerando tudo isso, a expectativa é de que o Fed pode interromper o afrouxamento antes do inicialmente esperado. “Acreditamos que o Fed irá cortar os juros em 0,25 ponto em todas as reuniões até maio, com a taxa de final de ciclo ficando entre 3,50% e 3,75%, 0,50 ponto acima da previsão antes da eleição”, disse.
“Ao remover a afirmação de que está ganhando “maior confiança”, o Fed também pode estar sinalizando a sua disposição de responder com flexibilidade aos dados recebidos”, disse o economista da Janus Henderson, Daniel Siluk, indicando que os cortes podem ser mais graduais. Segundo ele, para alguns observadores, a omissão dessa declaração poderia sugerir que a confiança do Fed na evolução sustentável da inflação em direção à meta de 2% diminuiu.
Segundo o economista-chefe do Wells Fargo, Jay Bryson, o Fed não tomará uma decisão política em sua próxima reunião com base no que ele acha que a nova administração pode fazer. “Em vez disso, o Fed esperará até que as políticas estejam mais completamente formadas e seus efeitos mais bem compreendidos antes de reagir, se apropriado, com sua própria resposta. Mas se a nova administração Trump realmente implementar tarifas significativas ou adotar outras políticas inflacionárias, então acreditamos que os juros pode chegar à taxa de fim de ciclo no próximo ano mais perto de 4% do que de 3%”, afirma.
Fonte: Valor Econômico

