Por Eduardo Magossi, Valor — São Paulo
05/10/2023 12h21 Atualizado há 20 horas
Apesar do rápido aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), as autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deverão manter a sua retórica de deixar os juros altos por mais tempo e prosseguir com o aperto monetário, realizando mais uma elevação de 0,25 ponto percentual na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) em novembro. Esta é avaliação do economista-chefe para os EUA do Citi, Andrew Hollenhorst, em relatório enviado a clientes nesta quinta-feira.
O economista não acredita que o Fed irá mudar sua estratégia em função do movimento de venda de títulos públicos que está ocorrendo e que elevou os rendimentos dos papéis de dez anos para seu maior patamar em 16 anos. “Para se tornar ‘dovish’ (suave, inclinado ao afrouxamento monetário), o Fed precisa ter provas da ocorrência de problemas de liquidez, tensões mais amplas nos mercados financeiros e/ou um abrandamento da atividade real”, afirma Hollenhorst.
Segundo ele, o número mais fraco de abertura de vagas de emprego do relatório da véspera da ADP – de 89 mil novos postos – não altera a expectativa do Citi de que o relatório do mercado de trabalho (“payroll”) de amanhã vai revelar 240 mil novos empregos em setembro, acima do consenso do mercado de 210 mil. O economista também projeta uma queda na taxa de desemprego para 3,6%.
Hollenhorst pondera que, para que o Fed se torne mais dovish, as autoridades do banco central americano teriam que considerar pelo menos uma das seguintes questões:
(1) Problemas claros de liquidez evidenciados pelos rendimentos do Tesouro divergentes de outras taxas de juro, como os swaps;
(2) Turbulência mais ampla nos mercados financeiros, incluindo provavelmente uma queda mais profunda nos preços das ações e spreads de crédito mais amplos;
(3) Sinais de que a atividade econômica real está desacelerando mais do que o desejado.
“Nada disso está acontecendo agora. Os preços das ações estão abaixo dos seus máximos, mas apenas ligeiramente. Em vez de se tornar dovish, o Fed deverá focar no crescimento do PIB superior a 3% no terceiro trimestre, no mercado de trabalho restritivo e em uma inflação de salários e preços acima das taxas consistentes com seu mandato, e irá procurar manter as condições financeiras restritivas”, afirma. “Um aumento de 0,25 ponto percentual nas taxas em novembro, para 5,75%, continua a ser provável, e estamos surpresos que apenas cerca de 6 pontos-base estejam precificados para esse resultado.”
Fonte: Valor Econômico

