Primeira adquirida, a Negra Rosa, de produtos de beleza e cuidados pessoais voltados para pessoas negras, foi anunciada na semana passada
Por Cibelle Bouças, Valor — Belo Horizonte
20/02/2023 16h44 Atualizado há 6 dias
A Farmax, fabricante de cosméticos e itens de cuidados pessoais da gestora Vinci Partners, planeja encerrar o ano com três aquisições nas áreas de produtos farmacêuticos sem prescrição, higiene e beleza. A companhia, que tem sede em Divinópolis (MG), pretende se tornar uma holding de marcas nessa categoria.
A primeira aquisição do ano foi anunciada na semana passada, a compra da Negra Rosa, de produtos de beleza e cuidados pessoais voltados para pessoas negras, criada pela empresária Rosangela Silva em 2016, em Angra dos Reis (RJ). O valor da aquisição é mantido em sigilo pelas companhias.
Segundo a Farmax, a aquisição deve adicionar neste ano pelo menos R$ 20 milhões em receita para a companhia. A expectativa é que a marca Negra Rosa supere uma receita anual de R$ 100 milhões em três anos, com a ampliação na distribuição das linhas já existentes e lançamento de novos produtos.
Ronaldo Ribeiro, CEO da Farmax, disse que negocia a aquisição de outra empresa de consumo e espera concluir a transação nos próximos três meses. A terceira compra deve ser feita até o fim do ano.
“A ideia é criar uma holding que contemple marcas diferentes, com linhas voltadas para atender o setor farmacêutico, como medicamentos sem prescrição médica, produtos para cabelo, maquiagem. Nosso plano é olhar categorias em que a gente não atuava, levando em conta a jornada da consumidora”, afirmou Ribeiro.
A Farmax é dona das marcas Hidraderm, Farmax, Moskitoff, Vasemax, Sunless, Be Veg, e outras, totalizando 450 produtos. A Farmax também produz marcas próprias para Raia Drogasil, Grupo DPSP, Araújo, entre outras redes. A marca Negra Rosa, por sua vez, conta atualmente com 60 produtos entre itens de maquiagem e produtos para cabelos.
Rosangela Silva, que era dona da Negra Rosa e se manterá como curadora da marca após a aquisição, disse que sua maior preocupação era manter a essência da empresa após a venda. “A gente viu que a Farmax entrou para potencializar a Negra Rosa, não entrou para dissolver a empresa e transformar a marca em outra coisa. Agora a marca vai poder crescer muito, chegar a mais regiões do país mantendo a sua essência”, afirmou Silva.
Como parte da operação, a Farmax contratou os três funcionários da Negra Rosa. A produção era feita de forma terceirizada. Ribeiro disse que a Farmax vai internalizar parte da produção da Negra Rosa.
A Negra Rosa vende seus produtos em sua loja virtual, em marketplaces, na Renner. A marca também possui um time de 400 revendedoras que fazem a venda porta a porta. Rosangela disse que o time de revendedoras será mantido. A meta da Farmax é levar a marca para as redes de farmácias e drogarias do país. Atualmente, a Farmax vende suas linhas em 94% das farmácias do Brasil (85,5 mil pontos de venda).
Rosangela acrescentou que a equipe de pesquisa e desenvolvimento da Farmax já desenvolve outros produtos voltados para pessoas negras. “Nós somos mais de 54% da população. Precisamos trazer produtos que entendam as necessidades desse público. E vamos trazer novidades ao mercado”, disse Silva. A Farmax prevê lançar em abril dez linhas de produtos para pele negra.
A meta da Farmax é atingir R$ 1 bilhão de receita anual em 2026, triplicando a receita no prazo de cinco anos. No ano passado, segundo Ribeiro, a companhia teve crescimento de 30% na receita, totalizando R$ 373 milhões. Para este ano, a previsão da companhia é ter um crescimento orgânico de 20%, sem incluir receita vinda de aquisições.
A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) não possui dados específicos sobre o segmento de produtos para pessoas negras. O setor faturou R$ 124,5 bilhões em 2021. A previsão da entidade era de um crescimento de dois dígitos em 2022.
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Ronaldo Ribeiro, CEO da Farmax — Foto: Divulgação
Fonte: Valor Econômico