União Química, comandada pelo empresário Fernando Marques, registrou média anual de crescimento de 30% desde 2015 e mira mais ativos
Por Ivo Ribeiro — De São Paulo
24/11/2022 05h01 Atualizado
1 de 1 Fernando Marques, presidente: “Nesses sete anos, desde 2015, a União Química fez uma história de consolidação de ativos no país com diversas aquisições” — Foto: Silvia Zamboni/Valor
A farmacêutica brasileira União Química vem obtendo evolução crescente de faturamento desde 2015, impulsionada, principalmente, pelas diversas aquisições de ativos realizadas no Brasil, e até no exterior, onde entrou em saúde animal nos Estados Unidos. “Nesses sete anos, fizemos uma história de consolidação”, disse ao Valor o presidente da companhia, Fernando de Castro Marques.
A mais recente compra foi finalizada em abril deste ano e envolveu a empresa Schering do Brasil, pertencente à Bayer Farma (unidade de Cancioneiro), localizada na cidade de São Paulo. É especializada em hormônios femininos.
Nesse período, a média de crescimento, em vendas, foi de 30% ao ano, e de 35% na geração operacional de resultado (Ebitda), informou Sérgio Eduardo Freire, diretor administrativo e financeiro da União Química.
No trimestre encerrado em 30 de setembro, a empresa apresentou crescimento de 27,9% na receita líquida ao se comparar com igual período de 2021. Alcançou R$ 1,028 bilhão, com Ebitda de R$ 205,5 milhões (alta de 24,2%). Na última linha do balanço, o resultado foi de R$ 125,3 milhões, praticamente igual ao de um ano atrás. “Foi um ano difícil, mas com resultados bons”, afirmou Marques.
A divisão de negócios Saúde Humana respondeu por R$ 826 milhões no ao, até setembro – crescimento de 26,9% na mesma base de comparação. Já a área de Saúde Animal atingiu R$ 299,8 milhões, alta de 45,8%. “Somos o quarto player nesse mercado no país e temos uma operação relevante na Geórgia (EUA)”, disse.
A fabricação de medicamentos para terceiros, abrigada na divisão de Outsourcing, com unidades dedicadas, respondeu por receita bruta de R$ 105 milhões no trimestre e quase R$ 400 milhões no acumulado de nove meses”. Somos a maior em outsourcing”.
A expectativa da farmacêutica é encerrar 2022 com receita na líquida casa de R$ 4 bilhões, com alta de 21% sobre o valor do ano passado, disse o CEO. De janeiro a setembro, a União Química atingiu R$ 2,67 bilhões – aumento de 11,9% comparado com 2021.
Por áreas de negócios, a receita bruta até setembro somou R$ 2,1 bilhões em saúde humana (66%); R$ 682,3 milhões em saúde animal; e R$ 393 milhões em terceirização. “A companhia tem crescimento constante em todas as áreas de negócios, ao ritmo de dois dígitos e 50% acima da média do mercado”, diz Freire.
A União Química opera nove fábricas, sendo oito no Brasil – quatro em São Paulo, duas em Minas Gerais e duas em Brasília – e uma nos EUA, além de participação de 25% na Bionovis, empresa de biotecnologia controlada em conjunto com Aché, EMS e Hypera Farma, e que fica em Valinhos (SP).
O laboratório, fundado em 1936 com o nome Prata e adquirido em 1970 pela família Marques, tem forte presença nos segmentos hospitalar, varejo farmacêutico (genéricos e OTC), prescrição médica (oftalmologia, saúde da mulher, sistema nervoso central e dermatológicos) e saúde animal (grande animais e animais de companhia, os PET).
O mercado farmacêutico brasileiro movimentou em 12 meses, até setembro, R$ 104 milhões (alta de 18%. Em unidades vendidas, 9%). Esse montante corresponde a área de saúde humana. Ao computar saúde animal são mais cerca de 10% desse valor. “A empresa está num mercado bem pulverizado e bem diversificado de medicamentos”, comenta o CEO. É a sétima no ranking de saúde humana.
Marques disse que a União Química tem novos alvos para aquisição na mira, mas o fechamento só deverá ocorrer com as definições mais claras da gestão do novo governo que assume o país no dia 1º de janeiro. “Melhor esperar a poeira baixar”, afirma.
A empresa busca crescer em medicamentos inovadores, similares e hospitalar, que têm maior valor agregado. É importante ter lançamentos de novas drogas para compensar as perdas de margens de ganho em alguns produtos”, afirma o empresário. Ele lembra que remédios têm preços controlados no Brasil – em abril, o reajuste anual foi basicamente a reposição da inflação, 10,94%.
Genéricos representam ainda uma fatia de 23% dentro da categoria varejo farmacêutico, com R$ 157 milhões de receita de janeiro a outubro do ano. Até setembro, cresceu 62% ante mesmo período de 2021. “Em 2023, espero estarmos entre os dez maiores produtores de genéricos”, disse.
Em governança corporativa, a empresa, neste ano, anunciou mudança no conselho de administração: passou a contar com três mulheres, incluindo a presidente, num total de sete membros, sendo dois independentes.
A União Química obteve também o registro na categoria B da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), visando emitir uma debênture de R$ 600 milhões para pagar a aquisição dos ativos da Bayer Farma. “Recebemos o rating AA da Fitch”, disse Freire.
Marques disse que conta com apoio do IFC, braço do Banco Mundial, em seus projetos de melhores práticas em governança corporativa e também no processo de descarbonização. “A instituição está nos auxiliando na definição de investimentos em energia renovável, que pretendemos fazer”, diz.
Sobre abertura de capital no futuro, com oferta pública de ações, o empresário diz que a empresa tem de estar preparada para ir ao mercado quando decidir dar um grande passo de crescimento.
Fonte: Valor Econômico