O presidente dos EUA, Donald Trump, estendeu nesta segunda-feira (11) a trégua tarifária com a China por mais 90 dias, estabilizando os laços comerciais entre as duas maiores economias do mundo. O anúncio de que Trump tinha assinado a ordem executiva ampliando o prazo para uma negociação definitiva com a China foi confirmado pela Casa Branca.
A trégua, que levou EUA e China a concordarem em reduzir os aumentos tarifários retaliatórios e aliviar as restrições à exportação de ímãs de terras raras e certas tecnologias, expiraria nesta terça-feira (12). Negociadores de ambos os lados chegaram a um acordo preliminar para manter o acordo no mês passado na Suécia, e os assessores do presidente expressaram otimismo de que ele o aprovaria.
A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Trump, falando a repórteres antes do anúncio, tinha desconversado quando questionado se estenderia o acordo. A extensão aliviará as preocupações de uma nova guerra tarifária que ameaça sufocar o comércio entre os EUA e a China.
Nas primeiras semanas do governo de Trump, que tomou posse em 20 de janeiro, as tarifas americanas sobre as importações chinesas chegaram a 145%, e a China restringiu o acesso a ímãs essenciais para os fabricantes americanos. Os dois lados chegaram a uma trégua de 90 dias em maio, sob a qual os EUA reduziram suas taxas sobre a China para 30%, enquanto Pequim reduziu as taxas sobre produtos americanos para 10% e concordou em retomar o fluxo das exportações de terras raras.
A disposição de Trump em negociar com a China gerou preocupações entre os “falcões” da segurança nacional de Washington de que ele não estaria disposto a reprimir o maior rival geopolítico dos EUA.
Mas a Casa Branca quis evitar que a escalada entre Washington e Pequim abalasse ainda mais os mercados financeiros globais — que se descontrolaram com a onda de tarifas de 2 de abril, chamado por Trump de “dia da libertação”.
A extensão da trégua acertada ontem também dá aos países mais tempo para discutir outras questões não resolvidas, como as taxas vinculadas ao tráfico de fentanil que Trump impôs a Pequim, as preocupações americanas sobre as compras chinesas de petróleo russo e iraniano sancionado e os desacordos em torno das operações comerciais dos EUA na China. A ampliação pode ainda abrir caminho para que Trump visite a China para se encontrar com o presidente Xi Jinping no fim de outubro, na época de uma reunião internacional na Coreia do Sul da qual o americano provavelmente participará.
A decisão de Trump de estender a trégua se seguiu a dois dias de discussões em Estocolmo em julho lideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pelo vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng — a terceira rodada de negociações entre Washington e Pequim em menos de três meses. Embora autoridades chinesas e o jornal oficial do Partido Comunista tenham sinalizado satisfação com as negociações de Estocolmo, e secretários do Gabinete dos EUA tenham previsto uma extensão, o pacto permaneceu frágil.
Bessent disse que qualquer decisão de estender ou não o acordo caberia a Trump.
No centro das discussões entre os dois países está a busca em manter um relacionamento comercial estável enquanto aplicam barreiras como tarifas e controles de exportação para limitar o progresso um do outro em setores críticos, incluindo tecnologia de baterias, defesa e semicondutores. Ambos os lados têm tomado medidas para diminuir a temperatura e reduzir os pontos de atrito recentemente, com as exportações chinesas de ímãs de terras raras começando a se recuperar em junho e os EUA dizendo que aprovariam remessas de um semicondutor usado para inteligência artificial que havia bloqueado.
Os fluxos de ímãs de terras raras da China para os EUA aumentaram para 353 toneladas em junho, ante apenas 46 toneladas em maio, de acordo com os dados oficiais. Mas o total de embarques ainda é muito menor do que antes de Pequim lançar os controles de exportação de abril.
Fonte: Valor Econômico

