Por Agências Internacionais
27/02/2023 05h02 Atualizado há 4 horas
A China sofrerá sérias consequências, caso forneça “ajuda letal” que possa favorecer a Rússia na guerra na Ucrânia, disse ontem o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
“Pequim terá de tomar suas próprias decisões sobre como proceder, sobre se fornecerá ou não assistência militar [aos russos], mas se seguir esse caminho, terá de arcar com custos reais”, disse Sullivan, em entrevista à TV CNN. Ele acrescentou, no entanto, que não recebeu até agora nenhuma indicação de que alguma ajuda tenha sido enviada.
As autoridades americanas alertaram seus colegas chineses a portas fechadas sobre quais podem ser esses custos, disse Sullivan, sem entrar em detalhes sobre como ocorreram as discussões privadas.
As advertências à China ocorrem no momento em que crescem na Europa as suspeitas de que Pequim esteja planejando enviar à Rússia pelo menos 100 drones que podem ser usados em ataques na Ucrânia. Segundo a revista alemã “Der Spiegel”, a fabricante chinesa de drones Xi’an Bingo Intelligent Aviation Technology e militares russos se reuniram semanas atrás para tratar do contrato. A revista não revelou suas fontes e nenhuma das partes citadas confirmou oficialmente a reportagem.
Os EUA estão cientes de que Pequim tem fornecido assistência não letal à Rússia no conflito – inclusive com imagens de satélite para ajudar as forças de Moscou a localizar e atingir armas ucranianas. Mas o envio de drones marcaria uma séria escalada do envolvimento da China na guerra.
O principal deputado republicano na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Michael McCaul, disse que os EUA estão cada vez mais preocupados com a disposição de Pequim de aumentar seu apoio a Moscou, antes de uma esperada reunião – para os próximos dias – entre o líder da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente chinês, Xi Jinping.
“Temos informações de que, além de planejar enviar os drones, Pequim está comprando toda a energia dos russos, sustentando-os economicamente”, disse McCaul em entrevista à rede ABC. O deputado disse que Pequim também está pensando em enviar “outras armas letais”.
“Embora os EUA acreditassem anteriormente que os chineses estivessem relutantes em fornecer assistência letal à Rússia em sua luta com a Ucrânia, essa avaliação mudou este mês após novas informações”, disse o diretor da CIA, a agência de inteligência americana, William Burns. Embora não tivesse deixado claro a qual assistência se referia, no fim de semana anterior o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que Pequim poderia estar suprindo as forças russas na Ucrânia com munição.
Por seu lado, em entrevista à TV estatal russa, Putin disse ontem que Moscou não se retirou do tratado de redução de armas nucleares New Start na semana passada apenas em razão da capacidade atômica dos EUA, mas também pela ameaça representada por outros países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental). “Quando todos os principais países da Otan declararam que seu principal objetivo é nos infligir uma derrota estratégica, como podemos ignorar suas capacidades nucleares?”, indagou Putin.
Ao ordenar a invasão da Ucrânia – que completou um ano na sexta-feira – Putin alegou que a insistência do país vizinho em estender a influência da Otan até suas fronteiras representava uma ameaça existencial à Rússia. Desde então, ele tem repetido o argumento para justificar a guerra, entre insinuações de que poderia usar armas nucleares táticas na Ucrânia.
Na terça-feira, Putin anunciou a suspensão das inspeções de mísseis e ogivas nucleares do tratado firmado com os EUA em 2010.
No campo de batalha, fontes ucranianas negaram alegações da Rússia de que suas forças tivessem feito avanços significativos na região de Donbass, no leste do país. Embora as afirmações de nenhum dos dois lados pudessem ter sido confirmadas por fontes independentes, analistas têm afirmado que tanto os avanços russos quanto as contra-ofensivas ucranianas têm sido muito modestas há vários meses.
Forças da Ucrânia disseram que a Rússia continua concentrando seus esforços de ações ofensivas ao longo da linha de frente de Kupiansk, Lyman, Bakhmut, Avdiivka e Shakhtar, em grande parte já controlada pelos russos.
Fonte: Valor Econômico

