No primeiro encontro presencial em um ano, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, se reuniram durante cerca de quatro horas na quarta-feira (15) e concordaram em reestabelecer o diálogo militar entre as nações.
“Ele e eu concordamos que cada um de nós pode pegar o telefone e ligar diretamente e seremos ouvidos imediatamente”, disse Biden a repórteres após a reunião.
A nova aproximação entre os líderes põe fim a um período conturbado das relações bilaterais nos últimos 15 meses, que começou após a visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, ato visto pela China como uma afronta por considerar a ilha como parte do território controlado por Pequim.
Biden e Xi se conhecem há 12 anos, tendo se encontrado, jantado e viajado juntos em diversas ocasiões. Ambos relembraram essas experiências em declarações iniciais.
Mas a esperança de que as relações pessoais se traduzissem em uma reaproximação não se concretizou, uma vez que as duas superpotências continuam em desacordo em uma série de questões.
“É fundamental que você e eu nos entendamos claramente, de líder para líder, sem equívocos ou falhas de comunicação. Temos que garantir que a competição não se transforme em conflito”, disse Biden a Xi.
Xi chamou a relação entre China e EUA de “o relacionamento bilateral mais importante do mundo”. Ele acrescentou: “Para dois grandes países como a China e os Estados Unidos, virar as costas um ao outro não é uma opção”.
É “irrealista que um lado tente remodelar o outro”, alertou Biden, acrescentando que o conflito e o confronto teriam “consequências nefastas” para ambos os lados.
O planeta Terra é grande o suficiente para que os dois países tenham sucesso, disse Xi. Ele observou que, como líderes no comando de China e EUA, “assumimos pesadas responsabilidades pelos dois povos, pelo mundo e pela história.”
Os dois líderes concordaram em estabelecer um diálogo intergovernamental sobre inteligência artificial e um grupo de trabalho para expandir a cooperação antidrogas e restaurar a comunicação de alto nível entre as forças armadas.
Falando sobre o acordo para retomar o diálogo militar entre as nações, Biden saudou o acordo e disse que a ausência de tais mecanismos poderiam causar “verdadeiros problemas” a um país como a China.
No geral, disse Biden, é importante que o mundo veja que os EUA estão envolvidos na diplomacia tradicional, sendo francos para evitar mal-entendidos.
O líder americano disse ter discutido com Xi as guerras na Ucrânia e em Gaza, bem como as atividades chinesas no Mar do Sul da China, mas não revelou detalhes.
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Presidente dos EUA, Joe Biden, recebe o colega chinês, Xi Jinping, para um almoço em uma mansão do campus da Universidade Stanford — Foto: Doug Mills/ Associated Press
Fonte: Valor Econômico

