Os EUA apreenderam um navio petroleiro na costa da Venezuela, afirmou o presidente Donald Trump durante uma coletiva na Casa Branca. O movimento, divulgado inicialmente pela agência Reuters, elevou os preços do petróleo e deve intensificar ainda mais as tensões entre Washington e Caracas.
“Acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um grande petroleiro, muito grande, de fato o maior já apreendido […] Ele foi apreendida por um motivo muito bom”, disse Trump aos jornalistas.
O republicano acrescentou que “outras coisas estão acontecendo”, mas não forneceu detalhes adicionais, afirmando que falaria mais sobre o assunto posteriormente.
A secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, postou no X que o FBI, a Segurança Nacional e a Guarda Costeira, juntamente com o apoio dos militares dos EUA, executaram um mandado de apreensão de um petroleiro usado para transportar petróleo sancionado da Venezuela e do Irã, mas não divulgou o nome da embarcação.
O grupo britânico de gestão de riscos marítimos Vanguard afirmou que o petroleiro Skipper teria sido apreendido na costa da Venezuela na madrugada de ontem. O Skipper pertence ao grupo Triton, registrado nas Ilhas Marshall, e tem bandeira guianense. Os EUA impuseram sanções ao navio por suposto envolvimento no comércio de petróleo iraniano, quando ainda se chamava Adisa.
Os contratos futuros de petróleo subiram após a notícia da apreensão. O barril do Brent, a referência internacional, subiu US$ 0,27 centavos, ou 0,4%, para fechar a US$ 62,21. Os contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate (WTI), padrão dos EUA, subiram US$ 0,21, também 0,4%, e fecharam a US$ 58,46 o barril.
Em comunicado, o governo venezuelano acusou os EUA de “roubo descarado”, afirmando que denunciará a apreensão do navio diante de organismos internacionais.
Impactos no petróleo
Em novembro, a Venezuela exportou mais de 900 mil barris de petróleo por dia, registrando a terceira maior média mensal do ano, enquanto a estatal PDVSA aumentou a importação de nafta para diluir sua produção de petróleo extra pesado.
Mesmo com a crescente pressão sobre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o governo americano até agora não havia interferido nos fluxos de petróleo do país.
A Venezuela teve que vender seu petróleo a preços muito descontados para seu principal comprador, a China, devido à concorrência crescente com o petróleo sancionado da Rússia e do Irã.
“Isso é apenas mais um vento geopolítico/impacto de sanções afetando a disponibilidade de oferta imediata”, disse Rory Johnston, analista da Commodity Context.
“A apreensão deste petroleiro intensifica ainda mais essas preocupações sobre a oferta imediata, mas não muda a situação fundamentalmente, porque esses barris já estavam previstos para circular por algum tempo”, acrescentou Johnston.
Pressão sobre Maduro
Maduro alega que o aumento militar dos EUA visa derrubá-lo para o controle das reservas de petróleo do país sul-americano. Desde o início de setembro, o governo Trump realizou mais de 20 ataques contra supostos navios de drogas no Caribe e no Pacífico, matando mais de 80 pessoas.
Especialistas afirmam que os ataques podem ser ilegais, pois há pouca ou nenhuma prova pública de que as embarcações transportavam drogas ou que era necessário destruí-las em vez de apreender a carga e interrogar os tripulantes.
A preocupação com os ataques aumentou este mês após relatos de que o comandante responsável pela operação ordenou um segundo ataque que matou dois sobreviventes. Uma pesquisa Reuters/Ipsos publicada na quarta-feira indicou que grande parte dos americanos se opõe à campanha militar dos EUA, incluindo cerca de um quinto dos republicanos que apoiam Trump.
Trump levantou repetidamente a possibilidade de uma intervenção militar dos EUA na Venezuela. Em um documento estratégico divulgado na semana passada, ele destacou que a política externa de seu governo teria como foco reafirmar a influência dos EUA no Hemisfério Ocidental.
Recentemente, o Exército americano enviou uma par de aviões de combate sobre o Golfo da Venezuela no que parece ser a aproximação mais próxima de aeronaves de guerra americanas ao espaço aéreo do país sul-americano.
Fonte: Valor Econômico

