Por Ricardo Bomfim, Valor — São Paulo
11/01/2024 19h08 Atualizado há 10 horas
O tão aguardado primeiro dia de negociação dos 11 fundos negociados em bolsa (ETFs) à vista de bitcoin, aprovados na véspera pela SEC (comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos) foi majoritariamente negativo, com apenas três deles terminando a sessão com ganhos no pregão dos EUA. No entanto, os investidores e analistas de criptoativos comemoraram o volume alto negociado nos fundos, um primeiro sinal de que as criptomoedas podem receber um forte fluxo de capital por meio dos ETFs.
Neste primeiro dia, os volumes somados de todos os ETFs superaram os US$ 4,6 bilhões, segundo dados da Bloomberg. André Franco, chefe de análise do MB, afirma que o volume é o que legitima e justifica o lançamento de produtos de investimento, mas que é importante diferenciar este dado do fluxo. “Precisamos saber qual foi o total de dólares que ficou neste produto somando tudo o que entrou e tudo o que saiu, para termos uma ideia de qual vai ser o apetite do investidor neste momento para bitcoin”, afirma.
De modo geral, contudo, Franco considera que os ETFs devem fazer o bitcoin se valorizar no longo prazo, uma vez que aumenta a demanda pelo criptoativo, que está prestes a ter sua oferta reduzida em abril. Isso porque o próximo “halving” – evento programado no qual a recompensa aos mineradores de bitcoin cai pela metade – ocorrerá naquele mês.
Afinal, o que é um ETF de bitcoin e por que ele é importante?
O único dos fundos maiores que subiu na sua “estreia” foi o GBTC, um produto de investimento transformado em ETF pela Grayscale, e que já contava com US$ 27 bilhões sob gestão antes de ser aprovado pela SEC. O fundo subiu 0,48% a US$ 40,97, e respondeu por metade do volume de todos os ETFs, com US$ 2,3 bilhões movimentados no dia.
Entre os ETFs de bitcoin realmente lançados do zero, o mais negociado foi o iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, que chegou a disparar 24% no pré-mercado da Nasdaq, mas acabou fechando em queda de 4,69% a US$ 26,63, com US$ 1 bilhão de volume. O segundo colocado neste quesito foi o Fidelity Wise Origin Bitcoin Trust (FBTC), da Fidelity, que caiu 2,64% a US$ 40,88 e volume de US$ 712 milhões. Completando o grupo, o Ark 21Shares Bitcoin ETF (ARKB), da Ark Invest, recuou 6,48% a US$ 46,76 e US$ 289 milhões negociados. O ETF da gestora brasileira Hashdex teve alta de 1,5%, a US$ 56,04, mas teve o menor volume de todos os fundos, somando US$ 4,54 milhões em operações.
Pouco depois da abertura dos mercados nesta quinta-feira, o bitcoin chegou a disparar até US$ 49 mil, seu maior patamar desde 26 de dezembro de 2021, mas logo começou a cair até voltar aos US$ 46 mil. Os analistas atribuem este movimento ao famoso “sobe no boato, cai no fato”, uma vez que a disparada de 160% do bitcoin no ano passado foi em grande medida impulsionada pela expectativa pela aprovação dos ETFs, que já estava bastante precificada.
“Por ora, nada de positivo no curto prazo, mas a pressão positiva dos fluxos dos ETFs deve levar o bitcoin de volta à sua máxima histórica de US$ 69 mil ao longo de 2024”, disse Tasso Lago, especialista em criptomoedas e gestor da Financial Move.
Na contramão, a criptomoeda ether, do blockchain Ethereum, registrou uma forte alta desde a aprovação dos ETFs. O mercado aposta que fundos de ether sejam os próximos a serem aprovados pela SEC, mesmo com a resistência do presidente da comissão, Gary Gensler. A BlackRock entrou em novembro com um pedido para lançar um ETF de ether. “A pressão para um ETF de ether é só um pouco menor do que a pressão para um de bitcoin, então vejo grandes chances de aprovação”, afirma Franco.
Desempenho e volume dos ETFs:
– Grayscale Bitcoin Trust (GBTC), fundo da Grayscale que já tem mais de US$ 27 bilhões e agora foi convertido em ETF: alta de 0,48% a US$ 40,97, com volume de US$ 2,3 bilhões.
– iShares Bitcoin Trust (IBIT), fundo da BlackRock: queda de 4,69% a US$ 26,63, com volume de US$ 1 bilhão.
– Fidelity Wise Origin Bitcoin Fund (FBTC), fundo da Fidelity: queda de 2,64% a US$ 40,88, com volume de US$ 712 milhões.
– Ark 21Shares Bitcoin ETF (ARKB), fundo da Ark Invest com a 21Shares: queda de 6,48% a US$ 46,76, com volume de US$ 289 milhões.
– Bitwise Bitcoin ETF (BITB), fundo da Bitwise: alta de 2,16% a US$ 25,54, com volume de US$ 126 milhões.
– Franklin Bitcoin ETF (EZBC), fundo da Franklin Templeton: queda de 6,17% a US$ 27,05, com volume de US$ 65 milhões.
– Invesco Galaxy Bitcoin ETF (BTCO), fundo da Invesco: queda de 3,32% a US$ 46,53, com volume de US$ 46 milhões.
– VanEck Bitcoin Trust (HODL), fundo da VanEck: queda de 4,13% a US$ 52,92, com volume de US$ 26 milhões.
– Valkyrie Bitcoin Fund (BRRR), fundo da Valkyrie: queda de 5,74% a US$ 13,29, com volume de US$ 9,4 milhões.
– WisdomTree Bitcoin Fund (BTCW), fundo da WisdomTree: queda de 3,61% a US$ 49,32, com volume de US$ 6,6 milhões.
– Hashdex Bitcoin Futures ETF (DEFI), fundo da Hashdex: alta de 1,5% a US$ 56,04, com volume de US$ 4,5 milhões.
Fonte: Valor Econômico

