Ao fim de cerca de seis meses de análise, houve uma redução na hemoglobina glicada de 8,6% para 7% nos pacientes monitorados
- O Estado de S. Paulo.
- 3 Jul 2023
- THAÍS MANARINI
Estudo divulgado na semana passada durante o Congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA) indica que uma nova injeção de insulina, de aplicação semanal, seria mais vantajosa do que a insulina de dose diária – utilizada atualmente por aqueles pacientes que não conseguem controlar a glicemia só com remédios. Segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil é o quinto país em incidência de diabete no mundo.
Estima-se que 16,8 milhões dos indivíduos de 20 a 79 anos convivam com a doença, sendo que 90% dos casos são do tipo 2, caracterizado pela resistência à ação do hormônio insulina ou dificuldades em sua produção.
O trabalho, chamado ONWARDS 3, foi publicado na revista científica Jama e teve a participação de 588 pacientes de 11 países diferentes, incluindo o Brasil.
Por aqui, as análises foram coordenadas pelo endocrinologista André Vianna, diretor do Centro de Diabete Curitiba (PR), o único coautor brasileiro no estudo. Enquanto uma parte dos voluntários usou a insulina diária (Degludec), a outra parcela ficou com a insulina semanal (Icodec). O tratamento durou 26 semanas.
Os cientistas verificaram, ao fim de aproximadamente seis meses, uma redução da hemoglobina glicada de 8,6% para 7% entre pacientes que usaram Icodec. No grupo da insulina diária, esse índice foi de 8,5% para 7,2%.
De acordo com Vianna, o exame de hemoglobina glicada é considerado o padrão ouro em pesquisas e também na avaliação dos pacientes no dia a dia porque mostra uma média do valor da glicemia ao longo de três meses – ou seja, não leva em consideração as oscilações diárias, consideradas normais.
Embora a diferença entre os tratamentos tenha sido pequena, de 0,2%, Vianna ressalta que ela foi considerada estatisticamente significativa. “A insulina semanal se mostrou superior à de aplicação diária”, afirmou o médico.
O RISCO DA HIPOGLICEMIA. Ainda de acordo com ele, entre as insulinas de ação lenta, a Degludec sempre foi considerada a melhor de todas, porque tem baixo potencial de causar hipoglicemia – situação em que a glicose baixa demais, provocando tremores, tontura e desmaio.
“Quando o paciente usa insulina, ela precisa ser segura para não gerar esse tipo de problema”, afirma o endocrinologista. •
O 5º país no mundo Estima-se que 16,8 milhões de brasileiros de 20 a 79 anos convivam com a doença
Fonte: O Estado de S. Paulo