O estresse em relação à condução da política fiscal dos Estados Unidos não dá trégua e continua a provocar um ajuste de posições no exterior. Como resultado, os rendimentos dos Treasuries voltam a subir na manhã desta quarta-feira e, assim, ultrapassam níveis psicologicamente importantes, com a taxa de dez anos acima de 4,5% e a de 30 anos acima de 5%. Alguma piora no humor com a renda fixa japonesa também é observada pelos participantes do mercado, que, assim, voltam a embutir nos preços dos ativos prêmios de risco maiores.
Por volta de 7h30 (de Brasília), o retorno da T-note de dois anos subia 3,0 pontos-base (0,03 ponto percentual), ao passar de 3,977% para 4,007%; o yield da T-note de dez anos avançava 5,1 pontos-base, ao oscilar de 4,491% para 4,542%; e a taxa do T-bond de 30 anos escalava 5,3 pontos-base, ao passar de 4,979% para 5,032%, no maior nível desde novembro de 2023.
“Após o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela agência Moody’s na última sexta-feira, a incerteza dos investidores permanece elevada”, dizem os estrategistas do Berenberg em nota enviada a clientes. Eles dão ênfase especial ao projeto de cortes de impostos de Donald Trump, que está em tramitação na Câmara dos Representantes, diante de seu possível impacto no déficit fiscal americano. “Isso tem gerado preocupações adicionais quanto à evolução futura da já elevada dívida pública e do déficit orçamentário dos EUA.”
“Essa perda de confiança nos EUA se reflete claramente na alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano nesta semana, especialmente nos papéis de 10 e de 30 anos, que atingiram novas máximas de curto prazo”, enfatizam os estrategistas do banco alemão. Ontem, a afirmação de Trump de que não pretende reduzir gastos de forma substancial pesou sobre o sentimento dos participantes do mercado e pressionou o mercado de Treasuries.
Vale notar que a desconfiança com os rumos da política fiscal também se espalha para os juros ultralongos do Japão, que têm renovado máximas históricas nos últimos dias, em um movimento que também mostra pressão no segundo maior mercado de dívida do mundo.
Fonte: Valor Econômico