Por Arthur Cagliari, Augusto Decker, Gabriel Caldeira, Gabriel Roca e Matheus Prado — De São Paulo
26/01/2023 05h01 Atualizado há 5 horas
O persistente otimismo do investidor estrangeiro, a despeito de visão cautelosa dos agentes locais, foi atribuído por analistas como o grande catalisador da performance positiva dos ativos domésticos na sessão de ontem. Assim, o Ibovespa retomou o patamar dos 114 mil pontos, algo que não ocorria desde 8 de novembro, data que marcou o fim da curta lua de mel do mercado com o novo governo.
O pregão teve liquidez reduzida por conta do feriado de aniversário da cidade de São Paulo.
Após ajustes, o principal índice acionário local avançou 1,10%, aos 114.270 pontos, enquanto o dólar recuou 1,22%, cotado a R$ 5,0788. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 13,54% do ajuste anterior para 13,49%; e a do DI para janeiro de 2027 regrediu de 12,80% para 12,73%.
Mesmo com os níveis de volatilidade se mantendo elevados em Nova York, os mercados locais encontraram espaço para avançar na sessão. Para os economistas do Bank of America (BofA), é a reabertura da economia chinesa, ao lado das taxas de juros bastante altas por aqui, que devem continuar beneficiando os ativos locais, principalmente o real. Eles esperam o dólar em R$ 5,20 no fim deste ano (de R$ 5,28 no encerramento de 2022), com a moeda mantendo-se em terreno sólido por conta do diferencial de juros.
As preocupações fiscais, afirmam, devem permanecer como a maior pressão para a moeda. No entanto, se o governo entregar uma nova regra fiscal confiável e uma boa proposta de reforma tributária no primeiro semestre, entendem que o real poderá voltar a performar bem.
Já José Raymundo Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, enxerga que a visão mais benigna dos não residentes pode ser freada pelo cenário inflacionário dos Estados Unidos. “Amanhã [hoje] temos a divulgação PIB [dos EUA], que talvez surpreenda para cima, conforme o modelo do Fed de Atlanta”, disse, em referência ao índice GDP Now, e indicando que uma economia ainda aquecida no país pode manter a apreensão sobre a elevação de preços. “E vejo a recuperação nos preços de cobre e petróleo como risco de médio prazo para a política monetária do Fed. Essas commodities sobem, China se recupera, inflação sobe”, acrescentou.
Não obstante, Treasuries e dólar perderam força em Nova York, após investidores precificarem pela primeira vez o fim do aperto monetário do Federal Reserve (Fed) já na próxima reunião, que ocorre na semana que vem. Segundo análise do CME Group, há 0,2% de chance de que o Fed não eleve os juros na semana que vem, com o restante do percentual indicando a provável alta de 0,25 ponto percentual, à faixa de 4,5% a 4,75%.
O “yield” da T-note de dois anos terminou o dia em baixa, a 4,137%, de 4,152% no ajuste anterior, e o da T-note de dez anos recuou de 3,460% para 3,448%. Já o índice DXY do dólar, que mede a variação da divisa americana ante seis pares, baixava 0,27%, a 101,642 pontos, no início da noite de ontem.
Nas bolsas, após forte movimento vendedor nos primeiros negócios do dia, conforme investidores seguem analisando a temporada de balanços do quarto trimestre de 2022, o índice Dow Jones teve alta de 0,03%, a 33.743,840 pontos, o S&P 500 caiu 0,02%, a 4.016,22 pontos, e o Nasdaq recuou 0,18%, a 11.313,36 pontos.
Fonte: Valor Econômico

