Por Stella Fontes, Valor — São Paulo
27/09/2023 14h16 Atualizado há 19 horas
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter disse nesta quarta-feira (27) que está “extremamente preocupado” com a crescente oferta de aço chinês no mercado brasileiro e indicou que pode haver redução expressiva nas taxas de operação do setor se nenhuma medida para conter o avanço das importações for adotada. “Se não conseguirmos esses 25% [ de alíquota de importação], há risco de a China bombardear o Brasil e nos obrigar a reduzir a capacidade em 10%, 20% ou 30%”, afirmou.
Com a estrutura atual de alíquotas de importação no mundo – que se movimentou em busca de proteção contra a China -, boa parte da produção do país asiático tem sido deslocada para a América do Sul e inundado o mercado brasileiro, explicou.
“O problema não é conjuntural, é estrutural. E receio que, pelos nossos processos históricos [de negociação com o governo], não vamos conseguir os 25% de alíquota de importação”, afirmou, durante o Congresso Aço Brasil 2023. O setor já levou ao governo um pedido de elevação da alíquota, em caráter emergencial, mas ainda não teve sucesso. Setores consumidores de aço alegam que a indústria quer usar o aumento de imposto para elevar os preços de seus produtos.
“É preciso se conscientizar de que se não houver pressão política maior junto a congressistas, não vamos conseguir”, afirmou. O empresário disse ainda que, pela primeira vez em décadas de vivência no setor, avalia que os métodos históricos de negociação adotados pelo setor, agora para atingir os 25% de alíquota de importação e acompanhar o resto do mundo, não devem funcionar.
“Não vejo capacidade decisória pelos processos burocráticos convencionais. Estou sentindo insegurança do processo decisório governamental”, afirmou. “Provavelmente vamos ter de mudar nossa atitude política”.
Fonte: Valor Econômico

