Por Alessandra Saraiva — Do Rio
26/07/2022 05h01 Atualizado há 4 horas
A confiança do consumidor mostrou “acomodação” em julho, e deve permanecer assim nos próximos meses – com possibilidade de volatilidade na época das eleições, segundo leitura da Fundação Getulio Vargas (FGV), que anunciou indicador sobre o tema ontem. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu apenas 0,5 ponto em julho ante maio, para 79,5 pontos, informou a fundação.
Mesmo sendo segunda alta consecutiva do indicador, Viviane Seda, economista da FGV responsável pelos dados, ponderou que, na prática, sem estímulos novos para intensificar compras, o resultado reflete movimento de acomodação no humor do consumidor – fenômeno que deve prosseguir, no curto prazo.
“Não tivemos avanço na situação atual”, disse ela, notando que julho ainda contou com benefícios de renda adicional, como pagamento de Auxílio Brasil, por exemplo.
“Mas, como já tínhamos mencionado no mês passado, esses estímulos não estão sendo suficientes para mudar a situação financeira das famílias”, disse Viviane. O cenário macroeconômico do mês ainda contou com inflação elevada e endividamento das famílias.
Outros dois sub-indicadores ficaram relativamente estáveis. O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 0,1 ponto, em julho ante maio, para 70,3 pontos; e o Índice de Expectativas (IE) avançou 0,7 ponto, para 86,6 pontos.
O fato de não ter havido melhora no orçamento familiar também foi fator a inibir alta do ISA, em julho, apontou Viviane.
Entre as avaliações sobre o presente, o indicador que mede a satisfação dos consumidores sobre situação econômica subiu 1,2 ponto para 77,9, sendo melhor resultado desde março de 2020 (82,1 pontos). Apesar disso, a percepção sobre a situação financeira famílias caiu 1,4 ponto para 63,3 pontos, em julho ante maio.
Ao falar sobre o futuro, a técnica comentou que há perspectiva favorável de renda originada do trabalho a elevar poder aquisitivo, tendo em vista que ocorreram sinais de melhora no mercado de trabalho. Mas, observou que somente esse aspecto não é suficiente para tirar a confiança do consumidor da trajetória de acomodação, nos próximos meses.
No entanto, ela fez uma ressalva: conforme a proximidade de outubro, mês das eleições, a volatilidade da intenção de consumo deve se intensificar, principalmente entre os de maior poder aquisitivo.
Isso já foi sinalizado no ICC por faixas de renda, em julho, afirmou ela. Nas famílias com renda mensal entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00 e nas de renda mensal acima de R$ 9.600,00 a confiança não subiu no mês, pelo contrário: apresentou quedas de 1,1 ponto e de 0,4 ponto, em julho. “Isso é por causas de eleições” afirmou a especialista, comentando que a proximidade do pleito já conferiu maior cautela na confiança dos mais ricos, já nesse mês.
Fonte: Valor Econômico
