Para líderes do “Valor 1000”, agenda socioambiental não pode mais ser vista apenas como diferencial de negócio
06/09/2022 05h01 Atualizado há 5 horas
As boas práticas socioambientais e de governança – definidas pela sigla ESG, em inglês – não deveriam mais ser vistas como um diferencial de negócios, mas constituir uma visão corporativa que envolve todos os departamentos e todo o ciclo produtivo, de ponta a ponta. Essa é a opinião de líderes das empresas campeãs do “Valor 1000”.
“Sustentabilidade é obrigação e precisa estar conectada ao negócio como um todo – talvez essa conexão seja um dos maiores desafios da agenda ESG”, afirma Jean Jereissati, diretor-presidente executivo da Ambev. Para ele, é papel das empresas cuidar do ecossistema ao seu redor, olhando a cadeia toda. “Vamos do agricultor no campo até o dono do bar. E essa visão ampla se traduz, por exemplo, no fato de que toda a nossa liderança tem metas relacionadas a ESG, inclusive eu. Se queremos que as próximas gerações possam brindar, não podemos ficar só no marketing.”
Para Pablo Uribarri, diretor-geral da Elecnor do Brasil, o maior desafio dos gestores é “fazer com que a consciência de quem está no nível estratégico chegue aos níveis tático e operacional de forma a tornar o ESG uma cultura de sustentabilidade corporativa”. Na empresa, segundo Uribarri, as ações previstas incluem reforço de conscientização dos colaboradores sobre a questão e programas educativos como o Projeto Elevar, que promove educação e inclusão social nas regiões a empresa atua.
Wlamir dos Anjos, vice-presidente comercial e de logística do Assaí Atacadista, afirma que as empresas devem se esforçar para “engajar todo o setor produtivo e de comércio para uma atuação comprometida com uma agenda ESG perene e transversal”. A mesma visão de operar em toda a cadeia é o foco na Roche Farma Brasil. Patrick Eckert, presidente da empresa, observa que um “trabalho em rede é fundamental para minimizar a pegada ambiental e para gerar mais impacto positivo à sociedade”.
A estratégia ESG deve contemplar ainda os aspectos de respeito à natureza e à diversidade, na visão da Shell, que tem no programa “Impulsionando o Progresso” um dos carros-chefe dessas iniciativas. “Há um forte movimento de pressão mundial e da sociedade para que o ESG esteja no centro das decisões, que não mais são tomadas apenas a partir do aspecto financeiro”, afirma Cristiano Pinto da Costa, presidente da empresa.
Equacionar deficiências na infraestrutura das cidades também é um item citado pelas empresas como essencial para avançar o aspecto “S” da agenda. No caso da Tigre, uma das urgências é a expansão do acesso à água e esgoto. “A água tem impacto em diversos fatores essenciais para o desenvolvimento sustentável do nosso planeta e sua distribuição e qualidade estão diretamente relacionadas à qualidade de vida das pessoas”, afirma Otto Von Sothen, CEO do grupo Tigre.
Benedito Braga, diretor-presidente da Sabesp, acredita que a visão de sua empresa deve estar centrada justamente nesse recurso vital. “A principal ação da Sabesp na agenda ESG é cumprir seu objetivo social: levar água potável e esgotamento à população. Nossas ações são naturalmente associadas à agenda, pois contribuem com questões sociais e ambientais.”
Num esforço de reparação ambiental após a tragédia em Brumadinho (MG), a Vale investe em projetos para reduzir a dependência de barragens de rejeitos, aumentando a produção via processamento a seco e desenvolvendo coprodutos, como a areia sustentável, obtida a partir do tratamento dos rejeitos de minério. “A Vale adota desde 2020 métricas ESG na remuneração variável de seus executivos, o que demonstra comprometimento e foco no desenvolvimento sustentável de longo prazo, diz Eduardo Bartolomeo, diretor-presidente da Vale.
Fonte: Valor Econômico