Por Carlos Prieto — De São Paulo
25/04/2023 05h02 Atualizado há 4 horas
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Com os efeitos da covid-19 praticamente superados, o mercado de escritório de alto padrão na capital paulista começa a buscar uma nova dinâmica, agora refletindo muito mais as questões econômicas do que os impactos oriundos da pandemia. Seja híbrido ou 100% presencial, as empresas já definiram sua forma de trabalhar e estão se adaptando e adaptando seus espaços. O que diferencia é a velocidade. Quanto menor a empresa, mais rápido tem sido esse processo.
No primeiro trimestre do ano, o mercado de escritórios de alto padrão na cidade de São Paulo terminou com aumento da vacância de 0,6 pontos percentuais, em 23,2%. O desempenho já era esperado, segundo Yara Matsuyama, diretora de locações da JLL, porque o primeiro trimestre é tradicionalmente um dos mais fracos no ano.
O aumento da vacância no período é resultado de três devoluções importantes somadas à entrega de novas áreas. Foram devolvidos 17 mil metros quadrados no total nessas três operações, feitas pelo Itaú na Barra Funda (7 mil m2), Caixa Econômica Federal na Paulista (6 mil m2) e Meta na Faria Lima (4 mil m2). A entrega de novos estoques somou 20 mil m2. A região da Faria Lima continua com a menor vacância da capital, com 5,5%.
“As empresas já passaram pela adaptação ao trabalho híbrido. Houve resistência, no início, ao retorno do presencial porque o híbrido se mostrou viável, mas as empresas superaram essa fase. Agora com o híbrido funcionando na capacidade máxima, surgem as necessidades. Se é preciso reformar ou até ampliar a área”, afirma Matsuyama. “Apesar da queda no fim do trimestre, não dá para dizer que é uma tendência. Houve a devolução líquida de 1,7 mil de m2 em um universo de 4 milhões de m2. Prefiro ver o copo meio cheio.”
A Cushman&Wakefield contabilizou vacância de 22,41% no primeiro trimestre, devido às entregas nas regiões da Paulista, Chucri Zaidan e Marginal Pinheiros. “A absorção líquida observada no último trimestre (12.815 m2) demonstra que o mercado continua ativo, recebendo inclusive 85.694 m2 de novos empreendimentos, determinante da alta na vacância, e demonstrando a confiança do mercado”, informou a consultoria em nota.
Em relação ao preço do metro quadrado na capital paulista, a Cushman&Wakefield estima que houve aumento de 2,26% em relação ao trimestre anterior. O maior preço do mercado está no Itaim, em torno de R$ 283,15 o m2. Na outra ponta está a região de Santo Amaro, com o valor mais baixo, encerrando o período em R$ 32,89 por m2.
Sobre as mudanças pós-pandemia, Daniel Battistella, diretor geral de CRE da Cushman & Wakefield no Brasil, entende que “empresas menores já encontraram seus caminhos primeiro, pois suas dinâmicas são mais simples e, na maioria das vezes, local ou regional. Para as grandes corporações este modelo é mais sensível e mais complexo de decidir e executar, pois reduzir, expandir, ou mesmo remodelar o uso exigem investimentos muito pesados.”
Matsuyama tem entendimento parecido. Com as multinacionais mais sensíveis à ameaça de recessão mundial, a tomada de decisão de investimentos no Brasil é postergada e isso impacta a contratação de novas áreas de escritórios. O que acaba abrindo espaço para empresas nacionais de menor porte. “Elas são mais ágeis na tomada de decisão e por isso o mercado tem se adaptado às necessidades desses clientes. Como a divisão de lajes grandes em duas ou três áreas”, conta a diretora. No primeiro trimestre, 86% das novas locações foram de espaços menores do que 1 mil m2.
Battistella entende que as questões econômicas são as que têm mais peso sobre essas definições. Ele cita, por exemplo, que no ano passado 85% das novas locações foram em espaços entre 500 e 1500 m2, e foram poucas ocupações acima de 5.000 m2, “mostrando que as decisões são mais fáceis para os pequenos”, sem esquecer que questões humanas estão na pauta dessas decisões. O executivo cita que os setores que experimentam maior crescimento ainda são os mercados financeiros em geral e serviços jurídicos.
Fonte: Valor Econômico

