Os fundos domésticos começaram o ano bastante expostos ao real, com posições relevantes vendidas (aposta na queda) em dólar. O posicionamento técnico mais “esticado” ajudou a criar um ambiente de mais estresse neste início de ano para o câmbio doméstico, diante das incertezas externas em torno de quando os juros começarão a ser reduzidos nos Estados Unidos. Essa instabilidade, porém, tende a ser mitigada com o início da entrada volumosa de dólares no país já a partir de março, quando a safra de grãos começará a ser exportada, avalia o diretor de investimentos da Azimut Brasil Wealth Management, Leonardo Monoli.
“Entre janeiro e fevereiro ocorreu uma redução parcial dessas posições, mas ainda insuficiente para sugerir que o posicionamento técnico está realmente mais leve”, diz. Ainda que a posição do investidor local vendida em dólar via derivativos (dólar futuro, dólar mini, swap cambial e cupom cambial) tenha diminuído em torno de US$ 5 bilhões desde o pico histórico, de US$ 17,5 bilhões, alcançado em 31 de janeiro, ele continua em nível elevado, de cerca de US$ 12,5 bilhões, de acordo com dados da B3.
“Com a entrada de dólares, você dá mais condições para que quem está muito vendido [em dólar] possa sair da posição com tranquilidade, sem criar distorções no mercado. Hoje, se você tiver ajustes de nível por conta de incertezas com os EUA, você descola o preço [do dólar] bastante para cima, porque não tem a contrapartida de fluxo”, enfatiza.
Essa posição pesada acabou não contribuindo para o bom desempenho do câmbio no começo deste ano, mas não foi só isso que pesou para o real. Monoli diz que a realização e os ajustes observados no começo de 2024 se deram diante também da ausência de notícias locais, principalmente sobre a questão fiscal, e também com os indicadores econômicos mostrando uma atividade mais forte nos EUA. “Quando você junta ruídos criados pelo vácuo político do recesso parlamentar local com uma sequência de dados fortes da economia americana, você tem um desconforto”, diz.
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Fonte: Valor Econômico

